PSD vai impugnar assembleia que travou desagregação da União de Freguesias de Bougado
A impugnação da sessão da Assembleia de Bougado em que foi chumbada a desagregação da união de freguesias vai ser pedida durante esta semana, avançou ao JN o presidente da concelhia do PSD Trofa, cuja comissão política reuniu nesta segunda-feira para debater o assunto, que está a dividir os sociais-democratas, em maioria naquele órgão autárquico.
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Na sequência do resultado e do modo como decorreram os trabalhos da sessão, realizada na passada quinta-feira, Jorge Campos afirmou, na intervenção que fez na assembleia, que iria impugnar o ato, que resultou em sete votos contra a desagregação e seis a favor. "Está ferido de ilegalidade e, como tal, vamos proceder à impugnação.
A presidente da assembleia de freguesia optou por uma forma de voto que não nos pareceu correta", sustenta o líder da concelhia "laranja", aludindo ao facto de ter sido imposto o voto secreto, quando não se tratava de uma votação nominal.
"Esta votação tem de ser feita de braço no ar. Acho que as pessoas estão a esconder-se atrás de um formalismo para não assumirem a sua posição perante quem as elegeu", considera Jorge Campos.
Leitura idêntica tem António Pontes, antigo vice-presidente da Câmara pelo PSD e porta-voz do Movimento por Santiago de Bougado, que apresentou a proposta de desagregação, subscrita por duas mil pessoas, e que vai reunir na quinta-feira para definir medidas a adotar. Em cima da mesa está também a impugnação.
"Atendendo à matéria em questão, não há nada que justifique uma votação secreta. É um tema político, e a votação deveria ser de braço no ar, para que se pudesse imputar responsabilidades a quem de direito. Ninguém estava à espera daquilo. Do ponto de vista político, o que se passou não faz sentido algum e é recriminável", critica António Pontes, notando que a sessão da assembleia obedeceu a "um roteiro pré-definido que foi seguido à risca para que se chegasse a este resultado, que foi claramente uma votação ao arrepio da vontade da população".
Composta por 13 eleitos - nove da coligação Unidos pela Trofa (PSD/CDS-PP) e quatro do PS -, dos quais sete são "laranjas", a assembleia de quinta-feira acabou por projetar a clivagem que se vive no PSD, com o autarca de Bougado, o social-democrata Luís Paulo, a mostrar-se desfavorável à desagregação da freguesia, ao arrepio da posição assumida pela concelhia e pelo presidente da Câmara, Sérgio Humberto.
Com o PS a favor da separação de S. Martinho e Santiago de Bougado, "deduz-se que houve uma divisão dos representantes da coligação; houve gente que não seguiu as diretrizes das direções partidárias", conclui António Pontes.
Garantindo que "o PS manteve o compromisso de votar favoravelmente à desagregação", o líder da concelhia socialista, Amadeu Dias, afirma que "a população foi prejudicada por guerras internas no PSD Trofa" e que "o presidente da Câmara tem de retirar as devidas consequências deste resultado, já que reafirmou inúmeras vezes que o PSD votaria favoravelmente à desagregação".