Os dois vereadores do PSD votaram, esta quinta-feira, contra a mudança da estação do TGV, em Gaia, de Santo Ovídio para Laborim/Vilar do Paraíso, mas a maioria socialista foi favorável à deslocação da plataforma ferroviária 1,5 km mais para sul. Oposição também levantou dúvidas à construção de duas pontes no Douro.
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A reunião camarária foi pública e contou com as explicações dos responsáveis da Lusolav, a concessionária a quem foi adjudicada a construção do troço Porto/Oiã.
Não obstante o voto a favor e a defesa das vantagens da mudança, o presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues deixou claro que a primeira opção, Santo Ovídio, será sempre válida e que Gaia nunca perderá essa conquista, que é ter uma estação do comboio de alta velocidade no concelho.
Rui Pereira, pelo PSD, levantou “dúvidas” à troca do que estava inicialmente pensado, em termos de traçado, e também se interrogou sobre custos acrescidos para a autarquia, quanto aos acessos para uma nova estação em Laborim. Sobre a solução de duas pontes sobre o rio Douro, uma para a ferrovia e outra rodoviária, colocou, igualmente, reservas, dizendo que há empresas portuguesas “com capacidade técnica para fazer uma travessia com duplo tabuleiro”.
Sobre acessos à plataforma em Laborim, Eduardo Vítor Rodrigues sublinhou que a VL3 é para construir e faz parte do Plano Diretor Municipal (PDM) de 2009, e que o encargo da ligação à Linha Rubi do metro será da Lusolav. “É uma obra para 100 anos”, reforçou, acerca da importância do TGV. Quanto às duas pontes, em vez de uma, defendeu-as pelo menor impacto que terão no rio e pela “maior fluidez visual”.
"Poço" a 60 metros de profundidade
Os vereadores Guilherme Aguiar e Valentim Miranda usaram da palavra, sublinhando a vantagem de tirar de Santo Ovídio a estação, um “poço” de 60 metros de profundidade, que poderá acarretar riscos à Proteção Civil (em Laborim seria construída à superfície). A par disso, mencionaram o saturado trânsito automóvel em Santo Ovídio, que já hoje é uma realidade e que a afluência de passageiros ao TGV poderá agravar.
Rui Guimarães, pelo consórcio Lusolav, explicou que as alterações propostas, para a estação e pontes, têm a ver com estudos “evolutivos” realizados, financiamento dos fundos estrangeiros, riscos da construção e funcionamento das estruturas.
O responsável disse, por exemplo, que houve bancos e seguradoras que “saíram” da lista de financiadores porque achavam que o poço em Santo Ovídio era um “risco”. Completou que se a plataforma for à superfície, em Laborim, a questão dos fundos bancários está “resolvida”. Quanto às pontes, sejam uma ou duas, adiantou que o custo é “sensivelmente o mesmo”.
Expropriar e demolir
Eduardo Vítor Rodrigues esclareceu que a convergência com Rui Moreira e a Câmara do Porto é "total", salvaguardando, no entanto, que o impacto da empreitada em cada território é "diferenciado".
O autarca também assinalou que se a opção for a de ter a estação em Santo Ovídio, 20 casas e o centro hípico de Serzedo terão que ir abaixo. Se a escolha recair em ter a plataforma em Laborim, só metade das 20 casas serão demolidas e o centro hípico poderá manter-se.
Antes, no período inicial das explicações, já Rui Guimarães, da concessionária, havia feito alusão à necessidade de expropriações, nomeadamente na zona onde será feito o túnel de Negrelos. "Em 90% dos casos chegamos a acordo para indemnizar", referiu, dando conta da sua experiência noutras obras.
O presidente da Câmara de Gaia nunca deixou de acentuar que, não obstante a aprovação camarária desta quinta-feira, nas escolhas, seja do traçado seja da travessia sobre o rio Douro, as decisões finais caberão sempre à Infraestruturas de Portugal (IP) e ao futuro Governo.