Neste ano, não há as habituais brigadas mistas na Póvoa de Varzim e em Vila do Conde. Autarcas estão indignados.
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A PSP recusou integrar as habituais brigadas mistas que, no verão, patrulham as marginais da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde. Alega falta de pessoal. A Câmara da Póvoa diz que a decisão é "inaceitável". A de Vila do Conde está apreensiva, mas espera para ver. Os sindicatos denunciam falta de efetivos "em dezenas de esquadras" e incitam os autarcas a apontar baterias ao Ministério da Administração Interna.
"Foi com o maior espanto que, através do comando da Divisão Policial, ficámos a saber que na presente época balnear não será possível reativar aquelas brigadas", afirma o presidente da Câmara da Póvoa, Aires Pereira, ainda incrédulo.
No início de junho, a Câmara contactou a PSP para reativar as brigadas mistas, nos fins de semana de junho e setembro e todo o mês em julho e agosto. Seriam duas equipas por dia, a patrulhar a marginal poveira, desde a entrada do porto de pesca até Aver-o-Mar.
Resposta e protesto
A resposta chegou a 29 de junho, assinada pelo comandante da Divisão Policial de Vila do Conde: "Não será possível reativar as brigadas mistas, devido ao elevado empenhamento policial diário nos eventos que se desenvolvem na área de responsabilidade desta polícia". Diz ainda que o "policiamento de proximidade" será "garantido pelas equipas velocipédicas" do Comando Metropolitano do Porto.
Aires Pereira já manifestou a sua indignação junto da PSP e do Ministério. O presidente da Câmara da Póvoa lembra que "a forma mais expedita e eficiente de superar a carência de recursos é exatamente a cooperação entre forças policiais" e lamenta a decisão.
Já o autarca de Vila do Conde, Vítor Costa, diz ter, por parte de concessionários e população, "um feedback muito positivo" das brigadas. Ainda assim, e uma vez que a PSP promete "policiamento de proximidade", dará, por agora, "o benefício da dúvida".
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) já tinha denunciado "a falta de efetivos em dezenas de esquadras por todo o país". Numa carta aberta dirigida aos comandantes, o presidente da ASPP fala agora numa "conjuntura irreal, muito próxima do colapso" e desafia-os a esclarecer "as tarefas que podem - e devem fazer" e as que têm "decididamente de afastar". Já o Sindicato Independente dos Agentes de Polícia (SIAP) acusa a Câmara da Póvoa de um ataque "despropositado" aos agentes: "Não podemos escravizar os agentes da PSP para agradar aos senhores presidentes de Câmara", frisa o presidente do SIAP. Carlos Torres gostava de ver os autarcas reivindicar mais agentes junto do MAI o ano inteiro.
O JN contactou a Direção Nacional da PSP. Foi reencaminhado para o Comando do Porto. Quisemos saber quantas brigadas havia e em que municípios, se foram todas suspensas e quais os motivos. A PSP preferiu não prestar esclarecimentos sobre a matéria, incluindo quando e onde haverá equipas velocipédicas.
Serviço extra garantia mais segurança
Em 2014, a Póvoa foi pioneira nas brigadas mistas. As equipas - um agente da PSP e um da Polícia Municipal -, foram criadas para patrulhar as zonas mais turísticas no verão. O serviço da PSP era pago como "extra" pela Autarquia. O projeto foi replicado noutros municípios. Mais polícia à beira-mar era sinónimo de mais segurança, menos furtos, menos venda ambulante, mais ordem no estacionamento e no trânsito.