A maioria das pessoas diria que as minhocas não fazem nada de útil. Mas na Unidade de Vermicompostagem da Associação de Municípios do Vale do Ave, em Famalicão, as minhocas são as maiores trabalhadoras.
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Num primeiro olhar parece que nada se passa na unidade piloto da AMAVE, em Riba de Ave, Famalicão. Contudo, por baixo dos resíduos há minhocas a "trabalhar". Depois de comerem os resíduos indiferenciados que vão parar à unidade as minhocas libertam o húmus que é usado como adubo natural.
Além da vantagem da transformação do lixo num produto útil, as minhocas vão mais longe e tratam de deixar as embalagens que encontram limpas e prontas para serem recicladas. "Há um aproveitamento para reciclagem cerca de 80% dos resíduos que não foram separados em casa", diz Rui Berkemeier, da Quercus que também está envolvida no projecto, cuja patente pertence à empresa Lavoisier.
Contudo, as minhocas ainda não conseguem abrir os sacos do lixo, por isso é necessário uma certa preparação para que estas possam começar a trabalhar. A tecnologia desenvolvida pela Lavoisier permite que os sacos sejam abertos e, depois o lixo higienizado. "Há determinadas características agressivas para as minhocas, por isso é necessário que haja uma fermentação a altas temperaturas", explicou António Quintão, responsável técnico da AMAVE.
Só depois o lixo é colocado à disposição das minhocas. E, não pode ser qualquer espécie. "Há mais de mil espécies de minhocas mas nem todas conseguem resistir a estas condições", revelou Quintão, esclarecendo que estas se reproduzem com facilidade.
O processo demora entre quatro a seis semanas, estando a unidade piloto preparada para tratar até 1.500 toneladas por ano - oequivalendo à produção de lixo de 4000 habitantes. Segundo a Quercus, trata-se de um processo "relativamente barato", já que os custos de operação também são baixos. Aliás, o responsável técnico sublinha que tudo foi feito para ser "prático e barato" notando que não liberta cheiros já que estes são controlados "de forma biológica".