No dia 13 de maio de 1928, quando foi lançada a primeira pedra para a construção da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, o Jornal de Notícias relatava a deslocação de milhares de pessoas à "Lourdes portuguesa".
Corpo do artigo
Antes de Fátima ter a importância religiosa que viria a conquistar ao longo dos anos, nos primeiros tempos após as aparições, era conhecida como a "Lourdes portuguesa" numa alusão às aparições com o mesmo nome em França.
"De todas as terras do Norte, seguem para Fátima milhares de pessoas", escreveu o JN, publicando a fotografia de uma imagem de Nossa Senhora e uma outra com Lúcia, Francisco e Jacinta, os "Três Pastorinhos" que, na altura, eram identificados apenas com os nomes próprios.
Em 1919, para corresponder ao pedido de Nossa Senhora de que se fizesse uma capela em Sua honra no local das aparições foi erigida uma pequena capela no local exato onde os pastorinhos afirmaram ter visto a Virgem Maria. Só anos mais tarde, em 1928, ainda Lúcia, já num convento em Espanha, dizia ter aparições de Nossa Senhora, é que no dia 13 de maio, foi benzida a primeira pedra para a construção da Basílica seguindo um projeto de Gerardus Samuel van Krieken. A sua sagração foi feita a 7 de outubro de 1953, tendo sido em novembro do ano seguinte "inaugurada" pelo Papa Pio XII.
A benção da primeira pedra juntamente com a fama dos milagres e das "visitas de Nossa Senhora", atraím pessoas "de carro e de carreira". "No Porto passaram bastantes camionetes com destino a Fátima", noticiava o JN, acrescentado um vasto rol com o nome de homens e mulheres que diziam ter recebido um milagre, indicando ainda a doença de que padeciam. As "pessoas que foram examinadas pelo médico e estavam curadas", dizia a notícia.
A Basílica, que mede 70.50 metros de comprimento e 37 de largura, foi construída totalmente com pedra da região e os altares são de mármore de Estremoz, de Pêro Pinheiro e de Fátima. A torre sineira tem 65 m altura, foi rematada por uma coroa de bronze de 7000kg feita na "Fundição do Bolhão", no Porto. O carrilhão é composto por 62 sinos, fundidos e temperados por José Gonçalves Coutinho, de Braga.
Nossa Senhora, de acordo com os relatos, apareceu em 1917 a Lúcia Santos e os seus primos Francisco e Jacinta Marto, os "três pastorinhos", que afirmaram ter presenciado seis aparições nos 13 de maio, 13 de junho, 13 de julho, 13 de setembro e 13 de outubro no local onde foi erigida a Capelinha das Aparições. A 13 de agosto, em vez da Cova da Iria, a aparição terá ocorrido no lugar dos Valinhos, também em Fátima.