A terceira sede do JN foi construída de raiz na Rua de Gonçalo Cristóvão, para onde o jornal se mudou em dezembro de 1970. Fachada principal do edifício, cuja torre é visível de vários pontos da cidade do Porto e até da margem sul do Douro, exibe um painel de azulejos de Charters de Almeida.
Corpo do artigo
Pode até a toponímia da cidade dar-lhe um lugar, e bem, mas muitos portuenses continuam a referir-se à "Rua do Notícias" como aquela em que o JN reside há mais de cinco décadas. Não a artéria que detém a designação oficial e completa, na freguesia de Aldoar, mas uma outra, no centro da cidade, onde um edifício de 14 andares se tornou referência geográfica, uma espécie de farol para quem precisa de chegar perto. E que até se vê, com a mesma dignidade de outros, da margem sul do Douro. O nosso jornal instalou-se gradualmente, na Rua de Gonçalo Cristóvão, em dezembro de 1970.
Hoje, dia em que celebramos os 135 anos da fundação, dedicamos estas linhas a um dos momentos mais marcantes da história do JN, que foi a transferência para um edifício construído de raiz a partir do projeto do arquiteto Márcio Freitas e que tem, a embelezar a fachada principal, um painel de azulejos da autoria do escultor Charters de Almeida. A nova sede nascia no local antes ocupado pelo Palacete das Lousas, que albergou a Escola Prática Comercial Raul Dória desde 1907 até ao seu encerramento, em 1964.
A redação esteve sempre instalada no segundo andar. No corpo do edifício que se alonga para a zona da Trindade, havia toda uma série de máquinas dedicadas à impressão do jornal, sendo as rotativas substituídas ao longo dos tempos consoante as necessidades de tiragem e o progresso tecnológico. A expedição era também feita a partir das instalações. Ainda hoje, quais peças de museu, estão por aqui algumas "Intertype" que eram usadas no antigo processo - há já alguns anos que a impressão é feita numa gráfica pertencente ao grupo editorial. Na torre propriamente dita ficavam a administração e vários departamentos da empresa. Alguns andares eram ocupados por escritórios particulares.
Quando lançou a primeira edição, a 2 de junho de 1888, o "Jornal de Notícias" estava instalado na antiga Rua de D. Pedro, que a República viria a denominar Rua de Elias Garcia, por sua vez sacrificada, a par de outras, quando a Avenida dos Aliados começou a ser rasgada. A segunda sede situou-se, precisamente, nos Aliados, ocupando um prédio desenhado por José Marques da Silva e erguido praticamente no alinhamento do anterior.
Já sabem por certo os nossos leitores que estamos prestes a sair de Gonçalo Cristóvão. Uma nova etapa vai o JN viver em breve, com a transferência para a Rua do Monte dos Burgos, na zona da Prelada. Quanto à icónica torre, será transformada para dar lugar ao "Hotel Jornal", perpetuando-se assim, na memória de todos, a presença do JN no centro da cidade.