<p>Tem sido sempre assim desde Outubro. Uma vez por mês, os filmes saem da tela no Venepor e ganham vida, graças a um grupo de jovens que abraçou o desafio de dinamizar a única sala de cinema tradicional na Maia.</p>
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Alguns nem se lembram se alguma vez assistiram a um filme no antigo Cinema Venepor, agora com gestão municipal e com o nome de Auditório. Mas, apesar disso, todos conhecem o carisma de uma sala que nas décadas 80 e 90 tinha sempre lotação esgotada, a sua história e sobretudo a nostalgia que existe nos maiatos por há muito ter perdido a vocação primordial de projecção de filmes. Por isso, resolveram arregaçar as mangas e devolver o cinema tradicional à cidade.
"Todos conhecem o auditório como cinema, até há uma certa nostalgia em relação a isso e uma enorme vontade de lá voltar", notam Marcos Maia e André Silva, dois dos cinco membros da direcção do recém-criado Cineclube da Maia que, desde Outubro, tem promovido uma sessão mensal de cinema para tentar recuperar o público do Venepor. Fazem-no por carolice, apesar de enorme trabalho que dá montar um espectáculo que, no fundo, pretende trazer o filme para fora da sala.
"Demora um dia inteiro", dizem aqueles dois jovens estudantes de Arquitectura. Mas vale a pena, dá para ver no orgulho que transparece nos seus rostos ao explicarem tudo o que já foi feito pela Direcção que representam, que chega a comprar mobiliário para criar no hall de entrada do cinema o clima idealizado à volta do tema do filme em exibição.
A ideia é associar à projecção do filme várias actividades sobre o seu tema, desde exposições, a pequenas representações, espectáculos musicais ou simples cafés-concerto. "Tentamos que o filme saia um pouco da sala", referem Marcos e André, acrescentando: "Queremos que o cinema seja um evento social".
Foi o que aconteceu quando se exibiu o filme português "Querido mês de Agosto" ou as fitas francesas "Bem-Vindo ao Norte" e "A Turma". Três sessões que foram um êxito. "Na primeira, tivemos 250 pessoas a assistir, quando a lotação é 340", destacam.
No futuro, vai ser sempre assim. "Não será uma oferta comercial mas também não será cinema de autor", adiantam Marcos e André, sublinhando que "o objectivo é cativar o público da Maia que há muito tempo está sem cinema no centro da cidade".
"Queremos lutar contra o facto das pessoas se desligarem das actividades culturais e criar rotinas", destacam, de seguida, adiantando que o objectivo do CineClube da Maia é consolidar as sessões mensais de cinema e preparar terreno para sessões quinzenais. Paralelamente, os jovens estão a projectar sessões de cinema ao ar livre, para a Primavera, e ciclos de cinema infantil.