A ilha de São Jorge, nos Açores, registou perto de 25 mil sismos desde 19 de março, dos quais 221 foram sentidos pela população, revelou esta sexta-feira o presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
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"Foram registados 24.919 sismos até às 10.30 de hoje", indicou o responsável aos jornalistas, no briefing diário na ilha de São Jorge sobre a crise sismovulcânica que começou há cerca de duas semanas.
Desde a meia-noite de hoje até cerca das 10 horas, foram registados "977 eventos, nenhum sentido pela população", acrescentou Rui Marques, alertando que a frequência diária de sismos continua "muitíssimo acima" do habitual no arquipélago dos Açores.
Questionado sobre se pode ser considerada "boa notícia" o facto de haver menos sismos sentidos e de se ter registado uma redução do número de eventos, comparativamente com os primeiros dias, o presidente do CIVISA alertou que existe ainda "uma série temporal muito curta" para tirar conclusões.
Referindo-se à redução da média diária de sismos verificada nos últimos dias, Rui Marques salientou que a média é agora de "800 sismos por dia", ou seja, "ainda é uma frequência diária muitíssimo acima do que é normal nos Açores".
A maior parte da sismicidade na ilha de São Jorge situa-se "no sistema fissural vulcânico de Manadas", entre a vila de Velas e a Fajã do Ouvidor, notou.
Na Ponta dos Rosais foram registados sete eventos, "com menor profundidade", tendo o mais recente deles sido identificado "às 09:30 de hoje, com uma magnitude de 1,4", acrescentou.
Por agora, disse, "é difícil perceber" a ligação entre a zona onde se manifestou desde 19 de março a crise sísmica e os "sete eventos da Ponta dos Rosais".
Eduardo Faria, presidente da Proteção Civil açoriana, adiantou ainda que, "de forma preventiva", foi determinada a interdição do Farol dos Rosais, em coordenação com a autarquia de Velas.
A passagem está interditada "a partir da Vigia da Baleia" e os agricultores que usam os terrenos para a pastagem de animais "já foram avisados" de que não é aconselhável passar ou permanecer naquela zona, acrescentou.
Ainda segundo o responsável da Proteção Civil, na quinta-feira verificou-se uma "significativa redução da quantidade de sismos", numa "alteração de padrão" para a qual não "há, para já, nenhuma explicação".
Eduardo Faria esclareceu também que estão a ser feitos "refrescamentos de ações de formação" aos operacionais no terreno para atuação em situações de catástrofe, ao passo que os 'drones' fizeram o "reconhecimento nos portos", tanto na costa sul, como na costa norte.
A intenção é que estejam, desde já, "identificadas as condições de operação nos portos".