Quase 40 carros artesanais descem a Malápia no evento "mais louco" de Santa Maria da Feira
No sábado, pelas 14.30 horas, a freguesia de São João de Ver, em Santa Maria da Feira, volta a transformar-se numa pista de pura adrenalina com a sexta edição da “Descida Mais Louca da Malápia”.
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São 37 carros artesanais, construídos sem motor e movidos apenas pela força da gravidade e do impulso humano, que prometem diversão e emoções fortes ao longo de 1,8 quilómetros de percurso repleto de obstáculos criativos.
O evento, organizado pela Associação Malapeiros Rolantes, tem vindo a afirmar-se como um dos momentos altos das Festas Sanjoaninas. Em 2024, atraiu cerca de 9000 espectadores, e este ano promete repetir (ou até superar) o sucesso. A entrada é gratuita, mas a dimensão da iniciativa é tudo menos modesta: cerca de 190 pessoas estão envolvidas entre organização, participantes e equipas de segurança.
Com curvas apertadas, declives de 6,5%, passagens sobre a Linha Férrea do Vouga e um total de 13 obstáculos – incluindo escadas feitas de paletes, pórticos com espuma e toucos de cortiça na via – o trajeto desafia tanto os condutores como o engenho das suas “máquinas”. “Estes carros podem não passar dos 60 km/h, mas exigem muito mais perícia e reflexos do que os automóveis normais – e são muitíssimo mais divertidos”, assegura Vítor Duarte, presidente da associação promotora.
Espírito comunitário acima da competição
Mais do que uma corrida, a “Descida Mais Louca da Malápia” é uma celebração do espírito comunitário. Participam equipas oriundas de Santa Maria da Feira e do Carregal do Sal, compostas por empresas, associações, famílias e grupos de amigos unidos pela paixão pela bricolagem e pela criatividade. Não há prémios para o carro mais rápido ou mais bonito. “O que importa é a alegria da participação, o orgulho por construir algo com as próprias mãos e a ligação com o público”, explica Vítor Duarte.
Cada viatura pode representar um investimento considerável: algumas equipas chegam a gastar até 2500 euros por carro e mais de 40 horas de trabalho apenas na construção e decoração. O investimento total do evento ronda os 20 mil euros, com apoios da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Junta de Freguesia de São João de Ver e da Infraestruturas de Portugal.
Novidades para 2025: boxes e ecrãs gigantes
A edição deste ano introduz duas grandes novidades. Pela primeira vez, todas as equipas terão direito a boxes próprias no início do trajeto, junto à EN1, permitindo melhores condições técnicas e logísticas para participantes e comitivas.
Além disso, a prova será transmitida em direto através de ecrãs gigantes, com câmaras colocadas em dois dos pontos mais emocionantes da pista. Isso permitirá ao público acompanhar todos os momentos da corrida sem precisar deslocar-se ao longo do trajeto, aumentando a segurança e melhorando a experiência visual.
Raízes históricas e um toque de irreverência
O nome do evento é uma homenagem ao “malápio”, uma pequena maçã oferecida ao Rei D. Manuel II por crianças de São João de Ver durante a sua visita inaugural à Linha do Vouga. A partir daí, as maçãs passaram a ser atiradas ao comboio em jeito de travessura, tradição que hoje inspira o tom irreverente e bem-disposto desta iniciativa.