Milhares de pessoas assistiram este domingo à Procissão dos Passos, em Braga.
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Enquanto muitos se aglomeram junto à Igreja de São Paulo, de onde a Procissão dos Passos partiu este domingo para percorrer várias ruas do centro de Braga, Antónia Silva e João Palha encontram uma sombra que lhes permite proteger do sol e da confusão. Bracarenses de gema, conhecem "muito bem" todos estes cerimoniais e gostam de ver as ruas "com muita gente", quer da cidade, quer de fora, como é caraterístico por esta altura.
"Há milhares de pessoas nas ruas porque esta é uma época que nos diz muito e muita gente vem de fora para participar nestas celebrações. Mas para nós, que somos de cá, é diferente. Quem é de Braga não pode ficar alheio à Semana Santa", diz João em conversa com o JN. Garante, por isso, que "sempre que é possível" assiste às várias procissões. "Enquanto as nossas filhas eram pequenas participavam como figurantes, mas cresceram e deixaram de o fazer. Agora só mesmo como espetadoras, tal como nós", acrescenta Antónia.
Bem dentro da procissão, entre as centenas de figurantes que a compõem, estão o marido e o filho de Cristina Cunha. "O meu marido vive estas celebrações de forma muito especial e participa em todas. Foi algo que o avô lhe passou. Agora está a tentar passar ao filho", conta. "Estou cá principalmente por causa deles", sublinha Cristina.
É precisamente quando o andor do Senhor dos Passos desce da Igreja de São Paulo, num momento de silêncio e devoção, que José Carlos e Ana Maria se aproximam. Vieram de Taveiro, Coimbra, mas já têm o hábito de estar em Braga por ocasião da Semana Santa.
"No ano passado assistimos às procissões de quinta [Ecce Hommo] e de sexta-feira [Enterro do Senhor], mas não tivemos oportunidade de ver a do Senhor dos Passos, o que agora pudemos concretizar", explica José Carlos Varela. Acompanhado pela esposa, ficou alojado num hotel de Braga duas noites. "Marcámos com bastante antecedência, por isso não tivemos problemas, mas nota-se que há muita gente", sublinhou. Agora, fica a faltar ver a Procissão da Burrinha. "Talvez para o ano", aponta José Carlos.
Se este é um caso de dois "espetadores assíduos", como os próprios dizem, um outro casal contactou pela primeira vez com as celebrações da Semana Santa de Braga. "Vim de São Paulo [Brasil] para trabalhar na Universidade do Minho. Estaremos cá seis meses, de fevereiro a setembro. Foi uma feliz coincidência que este evento, que não conhecia, acontecesse durante a nossa estadia cá", diz Márcia Karess com satisfação.
Organizada pela Irmandade da Santa Cruz, a procissão teve o ponto alto quando se cumpriu a tradição de aproximar o andar do Senhor dos Passos com o de Nossa Senhora das Dores para que "mãe e filho se encontrassem", num momento realizado junto à Igreja de Santa Cruz, onde se concentrou grande parte dos espetadores.
Outras procissões
Burrinha
Depois de cumprida a Procissão dos Passos, na próxima quarta-feira é a vez de sair à rua o cortejo bíblico "Vós sereis o meu povo", conhecido como Procissão da Burrinha. O cortejo parte da Igreja de São Victor, às 21.30 horas.
Ecce Homo
No dia seguinte, quinta-feira, a partir das 21.30 horas, decorre a procissão do Senhor Ecce Homo, desde a Igreja da Misericórdia. Aberta pelo grupo dos farricocos com vestes de penitência, esta procissão evoca o julgamento de Jesus.
Enterro do Senhor
Com partida da Sé, às 21.30 horas, a procissão do Enterro do Senhor, na sexta-feira, é a última procissão da Semana Santa. A mais solene, sombria e comovente, transporta pelas ruas da cidade o esquife do Senhor morto.