Caixa Geral de Depósitos é a dona e diz que tem recebido propostas pelo centro comercial no Porto. Maioria dos espaços fechou e há lojistas com indicação para sair até dezembro.
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O centro comercial La Vie, na Rua de Fernandes Tomás, no Porto, continua à venda. A Caixa Geral de Depósitos, proprietária do shopping, mantém a intenção de transacionar o empreendimento e diz que está "a receber propostas de interessados". A maioria dos espaços fechou e há lojistas com indicação para ficarem só até dezembro.
No átrio está afixado um cartaz a prometer "novidades em breve" e a dar conta de que o centro comercial está "em restruturação". Marcas como a Rádio Popular e o Minipreço já saíram há tempos. Outras, como uma casa de móveis, estão em vias de o fazer. "Liquidação total de stock", pode ler-se nos letreiros da montra. Nitidamente, o shopping encontra-se em perda, situação agravada pelo regresso do Bolhão ao seu local de origem e o fim do Mercado Temporário que ali estava alojado.
reconversão para escritórios
Conforme foi noticiado em maio, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tinha em curso "um processo organizado de venda". Inclusive, foi adiantado pelo banco público que estava "a ser ultimada a escritura". Na altura, não foi revelado o valor, nem a identidade do comprador.
Entretanto, soube-se que o negócio não foi avante por falta de acordo. Mas a vontade da CGD em desfazer-se deste ativo imobiliário não esmoreceu. O banco encarregou a consultora Cushman & Wakefield de arranjar um novo investidor e efetivar a venda. O JN contactou a consultora, mas não obteve resposta.
A transformação do La Vie num centro de negócios, com escritórios, permanece como uma hipótese. No entanto, a Caixa salvaguardou que caberá ao futuro dono decidir o rumo a dar ao edifício, que ocupa uma área total de 25 mil metros quadrados.
Não haverá obras
Mesmo com uma ótima localização, várias entradas e um grande parque de estacionamento subterrâneo, o shopping nunca vingou verdadeiramente. Em 2016, até mudou de nome para conseguir mais clientes.
Mantém em funcionamento o ginásio Holmes Place e a loja de artigos desportivos Decathlon. Trata-se de duas marcas de renome, todavia são insuficientes para catapultar o centro comercial, que conta como vizinho, do outro lado da rua, o Via Catarina, sempre muito movimentado.
Os três andares de comércio acima do solo estão bastante despidos. O piso dedicado em exclusivo à restauração apenas tem três estabelecimentos abertos. O arrendatário de um café afirmou que ocupará aquele espaço "até dezembro", adiantando "não saber o que irá acontecer a partir daí".
No piso térreo, outra cafetaria que esteve fechada reabriu entretanto. Recebeu autorização para funcionar até ao final do ano. Também no átrio, outra comerciante, numa banca, confirmou ter recebido a indicação que poderá continuar a vender até dezembro. Disseram-lhe que "entre janeiro e março, o La Vie entrará em obras". Não obstante essa suspensão temporária, mostrou-se "confiante" que voltará ao seu posto em 2023.
Quanto à cafetaria Starbucks, localizada à entrada, foi-lhes dito que poderiam prosseguir sem interrupções, pois têm uma porta independente, pelo exterior. A empresa Widerproperty, que trata da gestão diária do complexo, respondeu "não ter informações a dar". Mas, ao JN, a CGD esclareceu que "não haverá obras".
Detalhes
65 milhões de euros custou a construção
Em 2007, quando foi construído, o La Vie custou 65 milhões de euros. Começou por se chamar Gran Plaza, mas a dificuldade em afirmar-se levou à mudança de nome, ambicionando um virar de página.
5600 metros do Mercado Temporário
Durante quatro anos, um dos pisos subterrâneos do shopping, com entrada própria, albergou o Mercado Temporário do Bolhão. A saída aconteceu em setembro último.