A Quinta de S. Gens, na Senhora da Hora, Matosinhos, vai ser recuperada e aberta à comunidade de forma progressiva. Ali vai nascer o Parque de Natureza & Cultura de São Gens. Nesta sexta-feira e no sábado há visitas guiadas e atividades artísticas, no âmbito do Dia Internacional dos Museus e Sítios.
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A abertura da quinta será faseada. Na mata e no palacete, atualmente degradado, nascerá o Parque de Natureza & Cultura de São Gens. Na manhã desta quinta-feira, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte e a Câmara de Matosinhos formalizaram o "compromisso público e conjunto" para a criação do referido equipamento, com a assinatura de um protocolo no jardim barroco da casa senhorial do século XVIII, cujos traços são atribuídos a Nicolau Nasoni. A CCDR-Norte também anunciou que vai requerer a classificação da Quinta de S. Gens como bem cultural de interesse público.
A Quinta de S. Gens é um exemplo do "simbolismo e do modo como a Comissão gere processos e espaços, com foco na multidimensionalidade que cada um tem", defendeu António Cunha. O presidente da CCDR-Norte sublinhou que se trata de "um espaço de fruição ambiental e relevância sociocultural", onde "muitas pessoas trabalham no setor da agricultura" e que, após a reabilitação e adaptação necessárias, vai proporcionar programação artística e cultural, assim como visitas históricas, o que con-tribui para a descentralização, uma forma de "esquizofrenia do centralismo".
Nesta quinta-feira já houve visitas. "Foi muito comovente abrir esta quinta hoje de manhã e ver o interesse e a curiosidade da população local, que não tinha noção do património aqui guardado", partilhou Jorge Sobrado. O vice-presidente da CCDR-Norte agradeceu o "carinho e cuidado aplicados por todos os trabalhadores" e destacou que, apesar das marcas do tempo visíveis, a casa senhorial "nunca foi sinalizada para reabilitação". Jorge Sobrado assinalou, a propósito, que a Comissão avançou com o pedido de classificação para agilizar a recuperação do imóvel, a casa da nova unidade de Cultura da CCDR-Norte. Esclareceu ainda que, apesar de a mata e de o palacete não terem iluminação noturna nem casas de banho, a organização vai garantir estas condições durante os dias de abertura para visitas.
"Quando entrei pelo portão da quinta, hoje de manhã, comentei que foi a primeira vez que o fiz de legalmente", revelou o vice-presidente da Câmara de Matosinhos, Carlos Mouta. O autarca recordou que, quando estudava na Escola Secundária da Senhora da Hora, paredes-meias com a Quinta de São Gens, "ia apanhar as bolas de futebol que passavam para o outro lado e aproveitava para roubar umas frutas com os amigos". Carlos Mouta considerou que, "sem este espaço, Matosinhos seria um município mais pobre e com menos cultura". E destacou a importância do património imaterial e da riqueza arbórea única que compõe grande parte dos mais de 6,5 hectares da Quinta de São Gens. "Agora, podemos devolver o brilho a esta joia, que abrimos à comunidade, devolver o esplendor deste espaço à população e torná-lo completamente acessível de forma progressiva", rematou.
Ainda não há data prevista para as obras no palacete, uma vez que "é necessário perceber os termos da reabilitação". Na mata de São Gens existem outros edifícios, nos quais funcionam serviços da Unidade de Agricultura e do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.
Nesta sexta-feira, pelas 15 horas, Elvira Rebêlo conduzirá uma visita intitulada "Do sentido ao poder do lugar: percursos em São Gens", na qual ainda pode inscrever-se online. No sábado, pelas 10.30 horas, São Gens receberá a iniciativa PoSk - Porto Urban Sketchers. Os visitantes poderão participar, pintando, desde que levem o seu material de desenho, ou observar os ilustradores. Às 17 horas, a encerrar as comemorações do Dia Internacional dos Museus e Sítios, decorrerá o espetáculo "Nos 50 anos de abril...cantar a liberdade" (Canções Heróicas), protagonizado pelo Coral de Letras da Universidade do Porto, dirigido por Pedro Guedes Marques e acompanhado por Fausto Neves no piano. A entrada é livre.
Para conhecer mais sobre a história do palacete pode consultar o site da União de Freguesias de São Mamede de Infesta e da Senhora da Hora.