Todas as 77 raças portuguesas, 66 de pecuária e 11 de canídeos, podem ser consideradas “em vias de extinção”.
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As associações ligadas à preservação das raças autóctones estão a apostar em estratégias de inovação ou de turismo para compensar o abandono da criação e produção de animais de modo a evitar o processo de extinção de algumas delas, referiu esta terça-feira Miguel Nóvoa, secretário técnico da Raça Asinina de Miranda, uma das mais ameaçadas, durante o Encontro Ibérico de Raças Autóctones, que teve lugar em Miranda do Douro.
“Além da produção de carne, leite ou lã, também têm uma aptidão turística enquadradas na ecologia e no habitat, como a asininoterapia, cosmética ou brigada florestal”, deu conta Pedro Vieira, do Gabinete de Recursos Genéticos Animais da Direção-geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
Todas as 77 raças portuguesas, 66 de pecuária e 11 de canídeos, podem ser consideradas “em vias de extinção”, afirmou Pedro Vieira. “Precisam de ser bem geridas e apoiadas, ainda que haja alguns casos mais urgentes, como a raça bovina algarvia, da qual só existem 20 exemplares. Temos um declínio grande que nos preocupa, apesar do esforço dos criadores e da DGAV para a colocarem para cima. Também a raça bovina preta regista, bem como o porco alentejano estão em declínio”, referiu o responsável da DGAV.
O abandono das raças autóctones está, segundo Pedro Vieira, relacionado com “a falta de rendimento comparativamente a outras raças exóticas mais rentáveis, o que leva ao abandono ou à redução da produção”, agravado com a idade avançada dos agricultores.
Ainda assim, as raças ligadas a produtos gastronómicos de excelência “estão a aguentar-se”, garantiu Pedro Vieira, como a bovina mirandesa associada à posta de carne, prato típico, ou a raça alentejana, mertolenga ou a barrosã, ou as ovelhas bordeleiras na origem do queijo da serra da Estrela.
Os criadores recebem subsídios à produção, que variam entre os 160 e os 250 euros por cabeça consoante o grau de ameaça da raça. Um exemplo, os burros de Miranda recebem o máximo. “As ajudas servem para ajudar a conservação das raças e minimizar a perda de rendimentos dos criadores”, explicou Pedro Vieira.