A requalificação da casa mais antiga do Porto, com mais de 700 anos, ficará concluída um ano depois do prazo previsto. O reiterado incumprimento do empreiteiro que executava os trabalhos no imóvel situado na Sé obrigou a Câmara a lançar um novo concurso para acabar a obra.
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O imóvel, que deveria ficar pronto até ao final deste ano, só estará concluído no fim de 2026. Mantém-se a finalidade de integrar a casa no mercado de arrendamento acessível.
"A obra foi adjudicada e os trabalhos foram iniciados. No entanto, devido a incumprimentos reiterados por parte do empreiteiro, que acumulou atrasos na execução da obra e promessas goradas de reinício dos trabalhos, foi terminada a relação contratual", explica a autarquia, questionada pelo JN. "Constatou-se a incapacidade do empreiteiro em executar a obra nas condições contratadas, nomeadamente, como já referimos, no cumprimento de prazos previstos no plano de trabalhos", acrescenta o município.
No passado dia 15 de maio, a sociedade de reabilitação urbana Porto Vivo lançou, então, um novo concurso para a concretização da reabilitação do histórico edifício, entre o Beco dos Redemoinhos e a Rua de D. Hugo. O preço base é de 406 mil euros e o prazo de execução da empreitada é de 517 dias (pouco mais de um ano e cinco meses). As propostas devem ser apresentadas até 14 de junho.
"A expectativa é de que a obra fique concluída no final de 2026", refere a Câmara do Porto, salvaguardando que, considerando o dia de lançamento do concurso, "é importante ressalvar que se trata apenas de uma data indicativa".
É do século XIV
A chamada Casa do Beco dos Redemoinhos ou Casa dos Alão de Morais, na Sé, data da primeira metade do século XIV. "O projeto de intervenção prevê criar espaço de habitação, mas também de serviços. Para a vertente habitacional, será privilegiada a abertura dos espaços, promovendo a reabilitação da área útil e a iluminação natural e ventilação", explicou a Câmara em setembro do ano passado, aquando do início da primeira intervenção, orçada em 360 mil euros.
"Quanto à solução arquitetónica para a parte alocada a serviços, a principal premissa foi a de tentar manter, tanto quanto possível, o existente. Nos casos que não for possível, a arquitetura será substituída por estruturas leves, de fácil reconversão e com recurso a materiais compatíveis", acrescentou.
A autarquia assegurou que a operação no Beco dos Redemoinhos "pretende respeitar valores culturais provenientes do passado" e " dotar o Porto de soluções habitacionais qualificadas", dando "aos vindouros a oportunidade de conhecer a idiossincrasia da cidade". A casa mais antiga do Porto foi ocupada por membros do clero, mas também terá servido, ao longo do tempo, de "estrebaria, palheiro e residências de elementos menos eminentes da sociedade".