Obras de requalificação do mercado foram prolongadas devido a dificuldades na construção da cave. Empreitada ficará concluída em 2021.
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O Mercado do Bolhão, no Porto, só vai ficar pronto em meados de 2021. As obras de requalificação, adjudicadas por 22,4 milhões de euros, vão demorar mais um ano do que o inicialmente previsto devido a dificuldades na construção da cave. Sem ela, garante o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, "o mercado não teria as condições modernas de salubridade e higiene alimentar que hoje lhe são exigidas".
Apesar das circunstâncias obrigarem a prolongar os trabalhos, a solução alternativa para construir a cave, de acordo com a Autarquia, não deverá ultrapassar três por cento do valor total da obra, ou seja, 600 mil euros. O adiamento da obra não altera, no entanto, os prazos previstos para retomar a circulação pedonal e automóvel na Rua Formosa (fevereiro e setembro, respetivamente).
Rui Moreira garante que os comerciantes do Bolhão foram informados em primeira mão e "percebem melhor do que todos nós as vicissitudes de fazer uma intervenção naquele edifício". "Têm saudades do Bolhão como nós e, portanto, tiveram uma reação que eu esperava. Não ficaram muito surpreendidos. Alguns deles até pensavam que os atrasos das obras, neste momento, eram maiores ", revelou o presidente da Câmara.
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Demolir galerias
Debaixo do terreno do Mercado do Bolhão, e durante muitos anos, passava uma ribeira que, na primeira fase da empreitada, foi desviada pelas ruas de Fernandes Tomás e de Sá da Bandeira. "A verdade é que provocou um conjunto de problemas no terreno que não tinham sido antecipados", explicou o autarca.
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Sem alterações ao projeto, a construção da cave terá de ser feita de outra forma: as galerias superiores - já bastante degradadas -, vão ter de ser demolidas para fazer estacas e assim permitir a construção da cave, explicou a arquiteta Cátia Meirinhos, administradora da empresa municipal de gestão e obras GO Porto.
Questionado sobre a possibilidade da Câmara ter de ser indemnizada pelo empreiteiro devido ao incumprimento dos prazos inicialmente previstos para a conclusão da obra, Rui Moreira garantiu que, para já, não é possível "apurar" essa hipótese.
"Se houver caso de incumprimento contratual por parte do empreiteiro, a Câmara deverá ser recompensada. Mas temos que ver se de facto há ou não responsabilidade por parte do empreiteiro, que apresentou um estudo da Universidade de Coimbra relativamente à instabilidade do terreno. Tudo isso terá depois de ser feito em termos de uma arbitragem final", explicou o autarca.
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Caso as galerias se mantivessem intactas durante os trabalhos, explicou o presidente da Câmara, a construção da cave ficaria comprometida, seria mais morosa e menos segura. "Seria mais cara e demoraria mais tempo, atirando a conclusão do restauro para dezembro de 2021", acrescentou.
As dificuldades para construir a cave não se refletem na obra de construção do túnel de acesso ao mercado, que faz parte de uma empreitada autónoma e que "não sofreu qualquer atraso".
Comerciantes afetados vão ser compensados
A proposta de compensação de cerca de 360 mil euros aos comerciantes da Rua de Alexandre Braga e da Rua Formosa, no Porto, pelo prejuízo provocado pelas obras do Mercado do Bolhão, é votada depois de amanhã na reunião de Executivo. As verbas calculadas (54 800 euros para os comerciantes de Alexandre Braga e 304 mil euros para os que têm negócios na Rua Formosa) estão já devidamente salvaguardadas no orçamento da Câmara do Porto de 2020. Rui Moreira garantiu que os comerciantes "vão receber as indemnizações em tempo útil".