Espaço renovado abre portas hoje em Vagos. Cresceu e, para além de milhares de brinquedos, tem uma casa regional e um teatro em ponto pequeno.
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Não há imaginação que não comece a borbulhar quando se entra no Museu do Brincar, em Vagos. Ali, por entre milhares de brinquedos, todos são convidados a voltar a ser crianças. Principalmente agora, que o espaço tem o dobro da área que possuía. Um ano depois de ter encerrado, o Museu do Brincar reabre portas hoje, às 15 horas, numa zona do Mercado Municipal que foi requalificada para o receber, enquanto o Palacete Visconde de Valdemouro - sua sede oficial - está em obras. E com ele regressa um mundo imaginário onde têm lugar todos os sonhos.
Há um barco pirata transformado em balouço. Ao lado, um carrossel medieval. Há um castelo onde todos se podem transformar em reis e rainhas. Pistas com automóveis em miniaturas. Uma casa na árvore. Um teatro. Uma casa gandaresa - habitação agrícola típica da região -, com mobiliário no interior, em ponto pequeno. Uma réplica de uma escola do Estado Novo. Casinhas de bonecas na parede, para brincar.
Tudo ali é de brincar e quase tudo para os próprios visitantes brincarem. Porque se há algumas peças que estão apenas em exposição - há brinquedos que datam do final do século XVIII -, há muitas, muitas outras para serem manuseadas por quem visita o museu. "Colocamos objetos que sabemos que as crianças podem brincar sem estragar. No espaço anterior, passaram por lá milhares de crianças e nunca tivemos problemas", afirma Jackas - ou Carlos Rocha -, fundador do Museu do Brincar a par da esposa, Ana Barros.
Quando se entra, percebe-se bem que ali já funcionou um mercado, com as suas bancas em azulejo. A estética foi mantida e assumiu-se a história do local, por opção. Mas o interior das bancadas onde outrora se negociaram bens alimentares foi transformado em vitrinas, com portas de vidro. Em cada área, há uma coleção diferente e uma zona de brincar. Há delas dedicadas às casas de bonecas, ao imaginário fantástico, a brinquedos mecânicos, brinquedos óticos ou jogos portugueses, por exemplo.
"Apesar de ser muito diferente do antigo, este espaço continua a respeitar os princípios que nortearam o outro: a divulgação do brinquedo enquanto objeto e a dinâmica do brincar no próprio espaço", afirma Jackas. E é isso que o torna um museu único no país.
13 mil brinquedos
O espólio do Museu do Brincar - com cerca de 13 mil peças -, assim como a marca, foram adquiridos pela Câmara de Vagos, no ano passado, por 265 mil euros. Mas na exposição hoje inaugurada, intitulada "UAUUU - O brinquedo, o brincar, um mundo de diversão", estão patentes perto de 3000 brinquedos. "Quisemos mostrar a diversidade da coleção. Achámos importante mostrar à comunidade aquilo que a autarquia adquiriu", realça Jackas, que, com Ana Barros, continua a ser responsável pela pela curadoria do espaço, através da associação Arlequim.
Silvério Regalado, presidente da Câmara, entra pela primeira vez no museu e diz-se boquiaberto. "Honestamente, está muito melhor do que alguma vez imaginei. É um trabalho que nos enche de orgulho. Gastámos aqui, na componente de requalificação, à volta de 50 mil euros. E estamos a devolver à população, com muita qualidade, um espaço que já era pouco utilizado", explica o autarca.
REFERÊNCIA
Municipalização
"Terminar o processo de municipalização" é, para Silvério Regalado, um dos objetivos a curto prazo. A Câmara passa a dedicar-se agora à componente administrativa do museu e a Arlequim à parte pedagógica e de visitação.
Rede nacional
"Queremos que o Museu do Brincar integre a Rede Nacional de Museus", assume o edil, que ambiciona que o mesmo seja "um ícone da região".