Alunos do sexto ano da Escola António Dias Simões, de Ovar, organizam campanha de angariação de fundos, com recolha de rolhas, para ajudar a pagar tratamentos em Cuba a uma criança cega e com paralisia cerebral.
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Imbuídos de um tal espírito cívico que até aos professores está a surpreender, os 26 alunos da turma 6.º D da Escola EB 2,3 António Dias Simões estão fortemente empenhados em tudo fazer para que Bruna Catarina, de quatro anos, possa voltar a Cuba, onde já recebeu tratamentos durante cerca de um mês, em 2008, tendo-se notado grandes progressos, sobretudo a nível físico.
"Ela agora já consegue sentar-se e dar alguns passos acompanhada e até dançar ao colo, o que adora", contou a mãe, Glória Matos, de Avanca. O objectivo dos alunos do 6.º D é, porém, mais ambicioso: fazer com que a Bruna, um dia, possa ver. "Gostava que ela pudesse ver primeiro a mãe, o pai e a família e depois a nós, para saber que nós também a ajudámos", explicou Maria Santos, de 11 anos. "E, mais tarde, que pudesse ler as dedicatórias que lhe escrevemos", acrescentou Ernesto Moreira.
A ajuda dos jovens estudantes traduz-se então numa grande recolha de rolhas de cortiça com vista a serem vendidas a uma empresa da região que as recicla. "Com a ajuda da minha avó já enchi um garrafão de cinco litros, mas vou arranjar mais", prometeu João Tomé Couteiro.
O problema é que, segundo o director da turma, José Manuel Gomes, por cada quilograma de rolhas, o correspondente ao tal garrafão, só são pagos 30 cêntimos. O que significa que, dado serem necessários cerca de 13 mil euros, a tarefa a que as crianças se votaram é absolutamente hercúlea. Ainda assim, não desistem. Armados com pins onde figura a mascote da campanha, o Rolhinhas, e bonés a condizer, a turma percorre as salas de aulas da escola com vista a sensibilizar tudo e todos. E o certo é que, no último mês foram já recolhidos 19 quilogramas de rolhas, o que, apesar de monetariamente não ser muito, implicou já um grande esforço.
E não se ficarão por aqui. É que a campanha está em vigor nas mais de 20 escolas e jardins-de-infância do agrupamento, o que levou já a comunidade a começar a aderir, nomeadamente com donativos em dinheiro. Donativos que, aliás, foram essenciais para a primeira ida a Cuba, nessa altura depois de uma campanha semelhante levada a cabo pelo Colégio de Santa Maria de Lamas.