O Laboratório Nacional de Engenharia Civil recomenda a retirada das 11 famílias que habitam num prédio, em Vila Franca de Xira, porque o do lado, desabitado, ameaça ruir.
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"Uma vez que poderá decorrer algum tempo até se iniciarem as intervenções de reabilitação da estrutura e das fundações, necessárias para garantir a estabilidade dos edifícios, e dada a inexistência de condições mínimas de segurança estrutural, considera-se que deve ser equacionada, desde já, a evacuação do lote 1", explica um relatório do organismo, de julho último, a que a agência Lusa teve acesso.
Noutro parecer, de setembro do ano passado, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) alertava para o risco de derrocada, e recomendava que as intervenções de reabilitação dos edifícios fossem feitas com a "máxima urgência possível", em articulação com a estabilização do talude, que continua a ceder ao movimento das terras da encosta do Monte Gordo e a fazer pressão sobre os prédios, com mais de 15 anos.
"Até agora a câmara nada fez e continuamos com o coração nas mãos, pois isto pode ruir e causar uma tragédia. Diz que arranja o talude, mas que as obras nos prédios têm de ser pagas pelos moradores, e falamos em largos milhares de euros", explica, à agência Lusa, Armando Gonçalves, ex administrador do lote 1.
O morador afirma que é preciso saber se a autarquia vila-franquense tem ou não culpa em todo o processo, uma vez que a licença para a construção da obra e a sua fiscalização foram da responsabilidade dos técnicos municipais, os quais são criticados pelo atual executivo camarário.
Armando Gonçalves diz que os moradores só receberam o último relatório do LNEC na quinta-feira, em conjunto com uma convocatória para uma reunião com a autarquia na tarde da próxima quarta-feira.
O LNEC refere, numa nota final, que, "tendo em vista a salvaguarda da vida das pessoas", as recomendações da inspeção realizada a 28 de fevereiro, constantes nesse relatório de julho, foram enviadas à câmara a três de março.
Outra das conclusões da inspeção técnica é que "não é viável a realização de obras de estabilização do talude, com possível impacto negativo nos edifícios, sem que sejam realizadas previamente intervenções de reforço das fundações dos lotes 1 e 2, assim como de consolidação estrutural ao nível das caves".
Contactada pela Lusa, a câmara de Vila Franca de Xira remeteu esclarecimentos para depois de uma reunião privada entre a presidente do município, Maria da Luz Rosinha (PS), e os vereadores, agendada para a manhã de terça-feira.
O lote 1 faz parte de um conjunto de três blocos, de seis andares cada, construídos há mais de 15 anos na rua de Quinta de Santo Amaro, na zona da encosta do Monte Gordo. " semelhança do lote 3, apresenta fendas e fissuras no exterior e no interior de muitos dos apartamentos. No Inverno chega mesmo a chover dentro das casas.
O lote 2, que está desabitado e fechado a cadeado por questões de segurança, "descolou" dos restantes dois blocos e está inclinado para a frente vários centímetros, pressionado pelo movimento das terras da encosta, correndo o risco de ruir e de provocar a "instabilização" do lote 1 e "danos no lote 3", praticamente todo habitado.
Além disso, o seu desabamento pode ainda atingir outras vivendas construídas nas imediações do prédio, refere o relatório.