Grupo forçado a demolir gráfica afetada por mau tempo apela ao Governo para rapidamente definir produção das edições escolares.
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A Porto Editora tem de reconstruir totalmente a sua gráfica na Maia. Os danos causados há uma semana pelo colapso da cobertura devido ao mau tempo foram maiores do que o grupo esperava, obrigando à demolição da unidade, provocando atrasos no abastecimento, incluindo as livrarias online, e ameaçando o fornecimento de manuais escolares no início do verão. Estas edições também serão afetadas e o Ministério da Educação é chamado a definir rapidamente as regras do jogo. A nova unidade só deve funcionar no primeiro trimestre de 2019 e, por isso, a editora está a contactar gráficas portuguesas e espanholas para tentar recuperar a produção.
Além da queda do telhado do bloco gráfico, com três feridos ligeiros, o mau tempo do dia 14 provocou o colapso de parte da cobertura da unidade logística. Esta vai manter-se parada nas próximas semanas, afetando o abastecimento do retalho livreiro e as livrarias online Wook e Bertrand, diz a Porto Editora. Uma das áreas de funcionamento da Zuslog, empresa responsável pela operação logística do grupo que assegura o abastecimento, ficou danificada.
O grupo espera que a logística funcione em pleno dentro de "um ou dois meses". E prevê, na melhor das hipóteses, concluir em dezembro a construção da nova gráfica, na mesma área de sete mil metros quadrados do atual edifício, inaugurado no ano 2000 e onde foram impressos cerca de 15 milhões de livros em 2017.
Danos agravam prazo apertado
Os trabalhos já foram iniciados com a retirada da maquinaria mais pequena. Será depois necessário desmontar o restante equipamento. Ao JN, Paulo Rebelo Gonçalves, porta-voz da Porto Editora, apontou para "o primeiro trimestre de 2019" o arranque da nova gráfica e reforçou que estão salvaguardados os postos de trabalhos dos 80 trabalhadores.
Após "milhões de prejuízo", incluindo o equipamento danificado, a empresa prevê que a reconstrução da gráfica custe "dezenas de milhões de euros". O atual edifício, em 2000, já custou 10 milhões. Para tentar recuperar a produção, recorre às outras gráficas, ou seja, com custos acrescidos.
Questionado sobre os manuais escolares, o porta-voz da Porto Editora, líder de mercado, destacou que a situação, já difícil, é agora ainda mais preocupante. Em finais de junho, inícios de julho, quando for preciso abastecer o mercado, tudo terá de estar a funcionar bem, destaca. E o aspeto mais "crítico" diz respeito às regras. "É preciso saber quanto antes o resultado das conversações entre os editores e o Ministério da Educação", nota Paulo Gonçalves. "Temos de saber o que podemos produzir", insiste, apelando a que estas decisões sejam tomadas "muito rapidamente". Sublinha que os constrangimentos provocados pelo mau tempo agravaram um calendário que, "em circunstâncias normais, já é complicado".