Bispo da Diocese de Viana do Castelo, D. João Lavrador, anuncia projeto para obra bloqueada por causa de polémica na paróquia de Ponte da Barca desde que o templo ardeu em dezembro de 2017.
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O bispo da Diocese de Viana do Castelo, D. João Lavrador garante que a reconstrução da igreja de Lavradas em Ponte da Barca, destruída por um incêndio em dezembro de 2017, deverá avançar, finalmente, este ano.
Segundo aquele responsável católico, que tomou posse há cerca de meio ano, estão já reunidas todas as condições para que a obra avance, faltando apenas luz verde por parte da Câmara Municipal. D. João Lavrador, que há dias visitou o local, onde apenas restam as paredes da antiga igreja, informou que a reconstrução será executada, de acordo com um projeto que prevê a demolição da antiga residência paroquial situada ao lado, para construção de um templo novo.
E que as ruínas serão aproveitadas e restauradas, para funcionar como entrada. Adiantou ainda que a obra "respeita" o parecer da população de Lavradas e que na visita à paróquia pediu que se acrescente à obra, "uma nova casa paroquial" até agora não prevista.
"As obras podem começar este ano. Só estão pendentes das autorizações da Câmara. Logo que a Câmara tenha o projeto aprovado, as obras começam", disse, recordando que aquela autarquia "já deu uma primeira aprovação e agora estava pendente do [parecer de] arqueólogos", que estiveram a trabalhar no local durante cerca de um ano. E que, entretanto, "já disseram que está tudo normal".
Recorde-se que uma onda solidária reuniu "mais de 400 mil euros" em donativos, há cerca de cinco anos, nos meses seguintes ao incêndio provocado por um curto-circuito.
Contudo, instalou-se a discórdia na paróquia por causa do projeto de reconstrução. D. João Lavrador considera que "houve interferências exteriores por parte da junta". "Acho que houve ali algum aproveitamento político-partidário, porque depois apanhou a parte das eleições", disse.
Quanto à futura igreja, observou que "o projeto que é mais querido pelas pessoas é integrar o memorial [ruína da igreja destruída pelo fogo] e ligar a um corpo novo, o que vai tirar a residência". "A ideia é fazer o novo complexo da igreja ligado à antiga, que fica a ser átrio de entrada", declarou, explicando que se "vai introduzir uma capela de batistério no meio" das quatro paredes que "o fogo deixou sem segurança nenhuma".
E que a velha igreja "vai ficar sem telhado. Só a parte do batistério vai ficar com uma cúpula". "Pedi que integrem uma pequena residência, atendendo a que uma paróquia deve dispor sempre de igreja, centro paroquial e residência paroquial, mesmo que não tenha pároco residente, porque a gente não sabe o futuro", acrescentou, concluindo: "Gostei do projeto [da nova igreja]. Vai ser uma coisa bonita. Gosto mais desta relação entre o antigo e o novo, em reconstrução, do que de coisas novas só".
O incêndio que destruiu a igreja de Lavras ocorreu na madrugada de 18 de dezembro de 2017.
Após o incêndio, Rafael Freitas, arquiteto natural da freguesia, ofereceu-se para ajudar a custo zero, e desenhou três propostas: a reconstrução simples da igreja (375 mil euros), a obra com uma ampliação (525 mil) e a construção de um templo novo, demolindo a casa paroquial e convertendo as ruínas da velha em espaço de acolhimento (600 mil euros). A Diocese de Viana do Castelo optou por este último.