Rede ciclável de Lisboa vai ser melhorada após terem sido detetadas "falhas graves"
A Câmara de Lisboa anunciou, esta manhã de quinta-feira, que a rede ciclável da cidade vai crescer "mais 50% até 2025", com 56 ciclovias, e chegar a todas as freguesias da capital, num investimento de 13 milhões de euros, e vai ser melhorada. Auditoria detetou "falhas graves" nas ciclovias que serão corrigidas.
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A rede ciclável de Lisboa vai continuar a crescer, prevendo-se que a cidade tenha 56 ciclovias, das quais 20 separadas e as restantes partilhadas com o resto do trânsito ou ligações escolares, no próximo ano. "Temos uma rede com 173 quilómetros, que queremos aumentar para 263 quilómetros. Estamos a falar de um aumento de mais de 50% da rede ciclável até 2025, entre ciclovias segregadas, mas também zonas de 30+ de bicicleta", anunciou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, na apresentação do plano da rede ciclável para este e o próximo ano. O autarca adiantou ainda que haverá outros "aumentos significativos", como a criação de mais estações da rede ciclável Gira, que passarão de 150 para 193, e haverá 1900 bicicletas.
O anúncio foi feito no mesmo dia em que a Câmara de Lisboa apresentou os resultados da auditoria à rede de ciclovias da cidade, feita pela consultora Copenhagenize, que concluiu que "há falhas, lacunas graves e muitas descontinuidades na rede ciclável, que os próprios utilizadores não se sentem seguros e que faltam ligações a locais essenciais", revelou o líder da autarquia lisboeta.
No inquérito feito aos utilizadores das ciclovias, no âmbito desta auditoria, a maioria referiu que a rede é "descontínua", entende que "a proteção contra o tráfego motorizado é insuficiente" e que "ainda há muitos locais inacessíveis de bicicleta". Dois terços dos entrevistados disseram sentir-se "inseguros ou bastante inseguros em cruzamentos". As ciclovias da Avenida Almirante Reis, Avenida 24 de Julho e Rua Professor Pinto Peixoto são as artérias onde foram identificados mais problemas de segurança.
O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, que esteve a detalhar as medidas previstas para a cidade nesta matéria, admitiu que "todos os dados de acidentes e sinistralidade comprovam que a Avenida Almirante Reis levanta problemas de segurança", acrescentando que já ainda neste semestre apresentarão um "novo desenho" desta ciclovia com "alterações muito significativas", após um processo de consulta pública que já terminou.
Manutenção das ciclovias
Com o objetivo de tornar a experiência de andar de bicicleta na cidade "mais segura" e "corrigir erros" e com base nas 87 recomendações que saíram desta audição, a autarquia vai ter pela primeira vez uma dotação orçamental para a manutenção das ciclovias, no valor de 1,7 milhões de euros. "Muitas vezes aponta-se a falta de manutenção das ciclovias e passaremos a ter envelope financeiro, que começará já este mês a ser garantido através da EMEL", anunciou.
Anacoreta Coreia revelou que "as principais intervenções" nas ciclovias passarão por "reparações, reforçar a sinalética e a pintura, reforçar elementos de segregação de forma a utilizar as ciclovias", confirmando que há ciclovias "com buracos, desgaste da tinta ou nas quais os separadores foram removidos".
A Câmara de Lisboa recebeu ainda 400 mil euros, através do programa BICI da Bloomberg, para assegurar a ligação ciclável a 20 escolas, atingindo 20 000 estudantes. Apesar da ajuda financeira, o município lisboeta vai mobilizar dois milhões de euros para este projeto.
O autarca frisou ainda que este plano representa "mais de 22, 2 milhões de euros em 2022-2025, um crescimento de 41% na área da rede ciclável face ao mandato anterior", havendo "ainda muitas obras que não estão referidas nestes valores".