Rede de transportes com 140 autocarros liga os 14 concelhos da região Viseu Dão Lafões
Arranca esta terça-feira a nova rede de transportes públicos da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões. Com um passe mensal de 20 euros vai ser possível viajar entre qualquer um dos 14 concelhos agregados naquela CIM.
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A rede sai para a estrada com 65 autocarros a circular diariamente neste período de férias escolares. No regresso das aulas, a operadora Transdev terá 140 autocarros todos os dias no Mobi Viseu Dão Lafões, “uma das maiores iniciativas de mobilidade e coesão territorial na região."
Com um passe de 20 euros mensais será possível viajar por toda a rede Mobi Viseu Dão Lafões, numa extensão de 167 linhas e 4400 paragens, que funciona como uma única zona, sem escalões de preço ou limites de distância. Ou seja, mover-se entre quaisquer dois pontos da rede, entre qualquer um dos 14 concelhos da Comunidade Intermunicipal (CIM) Dão Lafões sem custos acrescidos.
O passe é válido para toda a rede, tanto municipal como intermunicipal, independentemente da distância percorrida e representa uma poupança que pode chegar às dezenas de euros por mês. Devido à existência de vários operadores até agora, havia uma grande variação de preços e alguns passes mensais chegavam a custar cerca de 111 euros e não permitiam circular em toda a rede. O bilhete simples tem um valor fixo de 1,50 euros, o que representa uma redução no valor médio por viagem para a maioria dos percursos. No entanto, para trajetos extremamente curtos, poderá haver um ligeiro aumento. O passe agora criado não é válido na operação dos Trasportes Urbanos de Viseu, que se mantém inalterável e autónoma.
A nova frota de autocarros, com uma imagem visual comum, tem uma média de idade inferior à atual, está equipada com wi-fi gratuito, ar condicionado e bilhética "contactless". A operação representa um investimento de 43 milhões de euros, para oito anos de serviço, apurado num concurso público internacional lançado em 2023 e ganho pela Transdev. Os autocarros dispõem de um sistema de GPS integrado, que permite a ligação com as plataformas digitais para saber horários em tempo e real e transmitir dados, ao segundo, sobre a utilização da rede.
Mudança de paradigma
“O Mobi Viseu Dão Lafões representa uma mudança de paradigma”, comentou o presidente da CIM Viseu Dão Lafões, Fernando Ruas. “Estamos a falar de um modelo de mobilidade integrado, mais justo e mais próximo das necessidades reais da população. Queremos que seja fácil, confortável e vantajoso para todos usar o transporte público nos 14 concelhos da CIM”, acrescentou, durante a apresentação do projeto, na semana passada, no Parque do Calvário, em Castro Daire.
Lembrando que “a mobilidade é uma área complexa”, o presidente da Câmara Municipal de Castro Daire, Paulo Almeida, considerou que “transpor estas competências para a CIM revelou ser uma decisão acertada”, que culminou no Mobi Dão Lafões. “Quem sai mais bem servido deste processo são os nossos cidadãos”, acrescentou, durante a mesma apresentação, que juntou os principais responsáveis da CIM Viseu Dão Lafões, autarcas dos 14 municípios, representantes da Transdev e diversas entidades da região.
“Sou uma adepta incondicional do papel das CIM no território, pelo seu pensamento estratégico e por conseguirem implementar projetos que têm muito mais eficácia se forem partilhados por vários municípios”, comentou a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Isabel Damasceno. “Viseu Dão Lafões é um exemplo paradigmático dentro da nossa região, evidenciado até em outros territórios”, acrescentou.
“O alargamento da oferta de transportes públicos é uma das principais formas de responder aos desafios de coesão e desenvolvimento dos territórios, bem como responder ao imperativo da mobilidade sustentável”, observou o administrador e diretor nacional de operações da Transdev, José Portelada. A Mobi Dão Lafões “traz às pessoas da região mais vantagens, mais comodidade e mais liberdade em matéria de mobilidade”, acrescentou.
Sistemas urbanos em Magualde e Tondela
O projeto incluiu ainda a criação de duas novas linhas urbanas, uma em Mangualde outra em Tondela, que vão ligar as áreas mais movimentadas destes municípios, como zonas industriais e comerciais, serviços de saúde e centros de transportes, assegurando a ligação com a Mobi e a Rede Expressos. Nestes casos, os passes urbanos têm o valor de 12,5 euros e os bilhetes simples custam 50 cêntimos.
Estas duas linhas urbanas vão ajudar a colmatar “a ausência de serviços de transporte público” na região, que “ao longo dos anos sofre daquelas que são as assimetrias que afetam os territórios de baixa densidade”, comentou o presidente da Câmara de Mangualde, Marco Almeida. “Dada essa ausência, tem havido necessidade também dos municípios procurarem respostas conjuntas”, e Mobi Dão Lafões “é um exemplo disso”, acrescentou.
“Hoje mais do que nunca, é importante que o trabalho seja feito de forma concertada, tendo em conta que só seremos mais competitivos se tivermos uma estratégia comum”, comentou o presidente da Câmara de Mangualde. “Temos feito muitas vezes de forma isolada, os 14 municípios, mas temos feito e orgulhámos-nos daquilo que a comunidade tem conseguido”, disse.
“Aquilo que tem acontecido é a substituição dos municípios a uma competência que é também do Estado. E não é justo”, observou Marco Almeida. "Está na hora de se olhar definitivamente para quem não tem sido tratado da forma como deveria e que se veja o país como um todo e acabem definitivamente com essa linha que foi colocada a meio na vertical”, separando Litoral e Interior.