Refugiados ajudam a dar cor a escola em Vila Verde

Os muros de um antigo jardim de infância, em Vila Verde, ganharam nova vida com a conceção de um trabalho de arte urbana, realizado esta semana por um grupo de uma dezena de jovens, alguns deles migrantes que encontraram refúgio em Portugal. Concebido a partir das ideias de cada participante, o trabalho contou com a colaboração dos artistas Godmess e Hazul e foi realizado no âmbito do projeto “Habito o Mundo”.

Quando o JN chegou a Vila Verde para acompanhar a execução do mural, Abdou e Carina estavam lado, de lata de spray em punho, a concluir uma das imagens que compõem o mosaico. Concentrados, faziam-no de forma esmerada. Ele é originário da Gâmbia e ela de um bairro de São João da Madeira, mas o projeto juntou-os em Vila Verde. “Primeiro, tivemos a aprender como fazer, a conhecer as técnicas e, depois, começámos a pôr em prática”, explica Carina Pinho. Abdou, de poucas palavras, garante que “gostou muito” da experiência. “Isto é realmente engraçado”, diz.

Yasmin Chicale junta-se à conversa, ao mesmo tempo que aproveita para uma pausa. Além de “aprender técnicas de pintura”, esta oportunidade permitiu-lhe “conhecer a cultura dos outros” participantes e “fazer amigos”.

Usar a arte como veículo de integração é, aliás, um dos grandes propósitos do projeto, que começou em setembro de 2022 e que acontece regularmente em três polos: São João da Madeira, Porto e Braga, sendo que neste último caso as atividades foram mais recentemente deslocalizadas para Vila Verde.

“Apesar de o projeto ser mais dirigido a crianças e jovens migrantes, quisemos também envolver elementos da comunidade local ou provenientes de outros contextos para que todos possam desenvolver competências na área artística, de socialização e integração”, explicou a responsável pela coordenação artística, Marta Terra.

Executado pela cooperativa Árvore, o projeto “Habito o Mundo” conta com o apoio das fundações Calouste Gulbenkian e La Caixa.