Seis décadas depois dos primeiros estudos do Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira, é hoje inaugurada a central mini-hídrica do Meimão e consignado o último bloco de rega na Fatela. O investimento de 320 milhões vai beneficiar quase 1700 agricultores.<br />
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A terceira e última fase do sistema, que estará concluído e em funcionamento pleno a partir de 2012, é hoje lançada, com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, na aldeia de Meimão em Penamacor. Um dos cinco concelhos da Beira Interior, ao lado de Sabugal, Belmonte, Covilhã e Fundão, beneficiários do empreendimento.
O Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira (AHCB) insere-se no plano de aproveitamento dos recursos hídricos da bacia superior do rio Zêzere e do Alto Côa e abrange uma área total dominada de 14400 hectares (equivalente ao mesmo número de campos de futebol).
Para além do abastecimento de água às populações dos cinco concelhos, o sistema vai permitir a regularização fluvial, a defesa contra as cheias dos cursos de água e ainda a produção de energia eléctrica.
O empreendimento aproveita a transferência de água das cabeceiras do rio Côa (Bacia Hidrográfica do Douro) para a ribeira de Meimoa (Bacia Hidrográfica do Tejo) com uma queda de 220 metros.
O ministro da Agricultura, António Serrano, que hoje estará na aldeia de Meimão, reconhece que 60 anos para construir e pôr a funcionar um sistema de regadio tão necessário ao desenvolvimento da agricultura da Beira, “é de facto muito tempo”. Uma situação, admite, que poderá mesmo ter gerado alguma descrença entre as populações abrangidas.
“Certo é que estamos finalmente em condições de lançar o último bloco de regadio, o da Fatela, que estará pronto em 2012, com um investimento de mais de 75 milhões de euros nesta terceira fase”, declarou ao JN.
António Serrano compara a Cova da Beira ao Alqueva em termos de complexidade e prolongamento da obra ao longo de várias décadas. “Tal como este, o projecto de Alqueva, onde estivemos também há pouco tempo, a inaugurar a conclusão do aproveitamento do abastecimento público à população, começou em pleno Estado Novo. São projectos de grande dimensão e complexidade”, sustenta.