O reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, avisou, esta sexta-feira, que o "calendário demasiado apertado" e a "burocracia" do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) pode "tornar muito difícil que os projetos financiados estejam concluídos até ao prazo limite".
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"É imperioso que o próximo Governo e a opinião pública compreendem que o caráter decisivo do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) para o futuro do país pode estar a ser posto em causa", alertou o reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, durante a cerimónia do 113º aniversário da Universidade do Porto, esta sexta-feira.
Segundo António de Sousa Pereira, o problema do PRR reside num "calendário demasiado apertado" e na "burocracia". Dois problemas que persistem "a despeito de todos os alertas, tornando muito difícil que os projetos financiados estejam concluídos até ao prazo limite de 2026".
O reitor da Universidade do Porto deu como exemplo o facto de, em sete projetos de construção e remodelação de residências universitárias inscritos pela Universidade do Porto no PRR, "apenas foi possível concluir um deles, e porque iniciamos antecipadamente".
"Todos os restantes continuam a marcar passo em múltiplos processos burocráticos, a despeito da urgente necessidade destes equipamentos para fazer face à crescente desregularização do mercado e à dificuldade de muitos estudantes para se manterem na universidade e concluírem os respetivos cursos", denunciou António de Sousa Pereira, numa cerimónia, na reitoria da Universidade do Porto, em que participou o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira.
Ainda assim, a Universidade do Porto vai tentar, durante o corrente ano, iniciar as empreitadas em mais três residências: António Cardoso, Jayme Rios de Sousa e Campo Alegre II". No total, espera-se que seja possível "aumentar em cerca de 70% o número de camas disponibilizadas pelos Serviços Sociais da Universidade".
Durante a cerimónia, António de Sousa Pereira defendeu ainda que é preciso "conferir estabilidade aos instrumentos de gestão do Ensino Superior e da Ciência e Portugal, garantindo que as universidades disponham, a médio e longo prazo, de mecanismos amplamente consensualizados e estáveis, imunes às mudanças de humor impostas pela natural alternância democrática".
Já Pedro Nuno Teixeira, que esteve na sua última cerimónia oficial como secretário de Estado e tenciona regressar à docência na Universidade do Porto, exortou os presentes para que se "repense o que somos em termos de universidade" e que alterações deverão de ser feitas no ensino superior com vista ao acompanhamento dos novos modelos de sociedade.
"Este é um momento de grande transformação e exigente para as nossas instituições", vincou o secretário de Estado do Ensino Superior, defendendo que atualmente "a grande barreira para os jovens já não é entra no ensino superior, é em que curso e faculdade conseguem entrar".
Quanto à "frustração" do reitor da Universidade do Porto, o secretário de Estado salientou o facto de já estarem "130 residências contratualizadas, 10 prontas e 125 terão que estar prontas nos próximos dos aos e meio". "É um desafio desafiante mas temos dois terços em construção ou em concurso de empreitada", sublinhou Pedro Nuno Teixeira, admitindo que é preciso eliminar "a maior barreira do ensino superior, que são os custos de alojamento".