<p>A Redes Eléctricas Nacionais não vai atribuir qualquer indemnização às 350 mil pessoas que passaram o Natal às escuras no Oeste, porque, diz, "não houve interrupção no fornecimento de energia eléctrica à rede de distribuição da EDP".</p>
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De acordo com o administrador da empresa, Vítor Baptista, o critério de segurança N-1 - um sistema de redundância que consiste na substituição instantânea de uma componente que se avaria por uma alternativa - "funcionou perfeitamente". Segundo o responsável, este dispositivo permitiu à REN cumprir a sua função, que consiste no transporte de energia, sem falhas.
A REN passa assim para a EDP - que assegura a distribuição da energia aos clientes - as responsabilidades nos cortes de electricidade que afectaram milhares de pessoas, durante vários dias, na sequência do temporal da passada quarta-feira.
De acordo com Vítor Baptista, as únicas indemnizações que a REN terá de pagar são relativas à queda de cabos já desligados, que afectaram cinco construções e destruíram dois telhados, tendo a empresa já contactado os proprietários nesse sentido.
O temporal inutilizou 26 torres de energia da REN e estragou cinco linhas, num total de 13 quilómetros de rede danificados, nos concelhos de Azambuja, Alenquer e Silves. Ao todo, a empresa calcula que o prejuízo ronde os 3,5 milhões de euros e prevê que a rede esteja totalmente reposta até ao final de Fevereiro.
Apesar dos danos verificados na rede, Vítor Baptista recusa a ideia de que as infra-estruturas não tenham a robustez necessária. "É a primeira vez que os nossos postes são derrubados pelo vento. Estão preparados para ventos até 150 quilómetros por hora e verificámos rajadas de ventos na ordem dos 200 quilómetros. Foi uma tempestade fora do comum", apontou.
Por parte da EDP, os responsáveis já anteontem haviam dito que a empresa não iria assumir indemnizações. Ontem, alguns autarcas do Oeste criticaram esta posição da empresa.
O presidente da Câmara da Lourinhã, José Manuel Custódio, referiu que não está "admirado" com a posição assumida pela empresa, uma vez que mesmo "em alturas em que o vento sopra a 20 quilómetros por hora, também não paga".
Descontente com a resposta, o autarca ameaçou já rescindir o contrato com a EDP e ontem voltou a admitir que o município pretende associar-se a clientes da empresa lesados do concelho para avançar com uma queixa para tribunal.
Os prejuízos causados pelo mau tempo e possíveis de apurar nos concelhos de Alenquer, Cadaval, Lourinhã, Mafra e Sobral de Monte Agraço rondam os 10 milhões de euros, de acordo com o levantamento efectuado por estes municípios. A este montante juntam-se os 53 milhões de prejuízos só no concelho de Torres Vedras.
Ontem, ao final do dia, o director regional de Agricultura de Lisboa e Vale do Tejo disse, em Torres Vedras, que os prejuízos no sector agrícola causados pelo mau tempo rondam os 40 milhões de euros, após o levantamento efectuado junto dos agricultores.