"Está sempre a aparecer gente a querer despachar coisas", afirma um comerciante de velharias e antiguidades, negócio em alta devido à renovação urbana do Porto.
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Recheios de casas que são colocados no mercado, muito procurados por empresários da restauração e hotelaria que, na decoração dos seus espaços, misturam o design novo com peças vintage.
O Sótão da Tia Becas
Rádios e placas publicitárias - "É uma tendência que veio para ficar e não só no setor da hotelaria. Mesmo na decoração de particulares há cada vez mais pessoas que querem fazer essa conjugação de estilos que acabam por resultar na perfeição", conta ao JN Anabela Silva, designer de interiores de Guimarães, com trabalho não só naquela cidade, mas também no Porto e em Lisboa.
O Sótão da Tia Becas, na Travessa de S. Carlos, no Porto, é um paraíso para os amantes das coisas antigas. À porta, a enorme cadela de raça Bouvier de Berna dá as suas vindas. Violeta é a imagem de marca da loja onde existe de tudo um pouco. "O que vendemos mais são rádios, quadros, placas publicitárias e louças, peças procuradas essencialmente por novos estabelecimentos comerciais na cidade aos quais alugamos também objetos para exposição temporária", conta António Gonçalves, funcionário do Sótão.
Chapelaria Aliança
Sem espaço para mais móveis - Disco, livros, postais, relógios de pulso, louças, brinquedos, aparelhos de som, como grafonolas, e artigos militares têm forte procura. "Mas o que mais aparece são móveis que depois não conseguimos vender. São peças que dificilmente se vendem e que começamos a não ter interesse por ocuparem muito espaço", diz Paula Barros da Chapelaria Aliança-Velharias, cuja especialidade são os chapéus que ocupam grande parte da loja, fundada pelo avô, na Rua dos Mártires da Liberdade.
"Estou aqui há seis anos e nunca vi tamanha loucura com estabelecimentos de artigos em segunda mão. Surgem cada vez mais!", refere Paula que também aluga artigos, não só para espaços comerciais como para eventos festivos ou peças de teatro.
Retro - Baú dos 60
Rua com 21 lojas de artigos usados - A Rua dos Mártires da Liberdade desde há décadas que é conhecida pelas lojas de velharias. Algumas fecharam mas, nos últimos anos, a temática que deu fama à artéria regressou em força, sendo hoje 21 os estabelecimentos de artigos usados.
"É um fenómeno que acontece por toda a cidade, mas a concorrência não é feroz e damo-nos todos bem. Quando um cliente procura algo que não temos encaminhamo-lo para um colega que sabemos que o pode ajudar", conta Pedro Santos, do Retro - Baú dos 60. Aqui são os candeeiros que dominam, também um dos itens mais procurados.
Manuela Morais é cliente habitual. "Gosto muito destas peças antigas com formatos diferente dos de hoje e com outra inspiração. São objetos únicos que contam uma história", explica.
Antike
Colecionismo na mira do turista - A maior parte dos negociantes de velharias começaram nas feiras como é o caso de Cândida Martins que, por falta de espaço em casa, resolveu abrir o Antike, na Rua do General Silveira. Está ali há três meses e destaca já a forte procura dos turistas. "Procuram de tudo um pouco, mas mais itens de colecionismo", diz.
Ricardo Valente, Vereador da Economia, Turismo e Comércio
Esta moda de dar nova vida a velhas peças floresce por toda a cidade, não só no centro mas em bairros adjacentes como o Bonfim, Paranhos e Foz.
"Estes conceitos são parte integrante de qualquer cidade que se pretenda detentora de um caráter único e diferenciador. Há toda uma dinâmica comercial que é gerada pelo conjunto de novas necessidades que os novos moradores, os visitantes e os novos públicos que trabalham e habitam a cidade trazem". diz Ricardo Valente, Vereador da Economia, Turismo e Comércio.