Renováveis oceânicas investem 186 milhões de euros em Viana do Castelo
Um núcleo de novas empresas na área das energias renováveis oceânicas está a emergir em Viana do Castelo, com investimentos que chegam aos 186 milhões de euros. Estão em curso grandes projetos ligados ao aproveitamento em meio aquático da energia do vento, das ondas e do sol. Em vias de desenvolvimento o primeiro centro europeu de teste de robôs marítimos em ambiente real.
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O presidente da Câmara, José Maria Costa, considera que o município está perante "um cluster das energias renováveis oceânicas com aquilo que se conhece de melhor, com a melhor investigação e o melhor desenvolvimento".
Na linha da frente segue o projeto Windfloat Atlantic, pertencente ao consórcio Windplus, constituído pela EDP Renováveis, a Engie, a Repsol e a Principle Power. E que representa um investimento global de 125 milhões de euros. Iniciou em julho a sua atividade plena, com a instalação de três torres eólicas ao largo de Viana (a 20 quilómetros da costa).
"O parque eólico flutuante ficou ligado à rede nacional de energia no final do ano passado e está em pleno funcionamento desde julho. Nos últimos quatro meses, produziu energia limpa sempre que as condições de vento assim o permitiram, tendo mesmo atingido em outubro uma taxa de produção de 45%, acima do esperado", diz ao JN fonte do consórcio Windplus.
Para abastecer 60 mil casas
O Windfloat Atlantic tem "uma capacidade instalada de 25MW (megawatts) e consegue produzir por ano o equivalente a abastecer com energia limpa 60 mil casas". "O primeiro flutuante da costa da Europa continental" criou 15 postos de trabalho diretos e um polo de apoio, no porto de mar. "O parque tem um forte compromisso com a economia local, recorrendo à mesma sempre que necessário", sublinha.
aproveitamento das Ondas
Também instalada na zona do porto de mar está a empresa sueca CorPower Ocean, que está a desenvolver um projeto ambicioso de aproveitamento da energia das ondas do mar. O objetivo, segundo Miguel Silva, que lidera as operações da CorPower Ocean em Portugal, é "ser a primeira empresa da energia das ondas a, com sucesso, certificar o produto e comercializá-lo". "Até hoje ninguém conseguiu, de forma massiva, fazer isso", garantiu.
O projeto de demonstração, iniciado em 2012 e conclusão em 2024, com a comercialização dos primeiros conversores de energia das ondas, envolve um investimento de 52 milhões de euros. Num edifício em construção na área do porto de mar, vai ser criado um primeiro equipamento à escala real, que começará a ser testado no verão ao largo da Póvoa de Varzim, na praia da Aguçadoura. Até 2022, serão construídos mais três equipamentos de teste.
A Autoridade Portuária aprovou também, recentemente, um projeto piloto de energia fotovoltaica flutuante, que prevê a instalação de três ilhas de produção de energia solar no rio Lima. Estima-se que a produção permita abastecer, em média, 120 habitações (ler ficha). O empreendimento é promovido pela Solarisfloat, do grupo português JP, e, segundo o promotor, envolve um investimento de 300 mil euros.
O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores centralizou um projeto de investigação europeu, que pretende testar a utilização da robótica na monitorização e reparação de infraestruturas, plataformas e equipamentos flutuantes em espaço marítimo.
O "Atlantis Test Center"" vai ser o primeiro centro europeu de teste de robôs marítimos em ambiente real. Representa um investimento de 8,5 milhões de euros.
Robôs
O teste de robôs marítimos ao largo da costa de Viana é liderado pelo INESC TEC, com participação da EDP e apoio de diversos parceiros tecnológicos e académicos, entre eles o IPVC e UMinho.
Ilhas flutuantes
A instalação pela empresa Solarisfloat de três ilhas do segmento do solar fotovoltaico flutuante no rio Lima tem por objetivo produzir energia (cerca de 476,8 MWh/ano), que será canalizada para a APDL e injetada para autoconsumo. Estima-se que a produção permita abastecer, em média, 120 habitações.