Projeto de inclusão digital para maiores de 55 anos criado em Paredes de Coura vai para Guimarães e Braga.
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"Ai que giro! Que fixe!". Filomena Ribeiro, de 70 anos, antiga professora de Artes Visuais, ri e bate palmas, enquanto joga no telemóvel um jogo de memória. É a última aula em Paredes de Coura do projeto-piloto OITO (Oficinas de Inclusão Tecnológica Online) da Escola de Medicina da Universidade do Minho (UMinho), que visa incutir competências digitais em pessoas com mais de 55 anos. E a formanda vive ao máximo os últimos momentos da formação, ao lado das camaradas da sua geração, Carminda, Alice e Prazeres, que agora já dominam a Internet.
"Aqui em Paredes de Coura tivemos 18 participantes, divididos em três turmas, por causa das regras da DGS. Já temos mais três turmas formadas para iniciar em julho. Depois, vamos para Guimarães e Braga. São as três regiões a que teremos alcance em 2021", adiantou a investigadora Anna Quialheiro, que deu formação nas primeiras oficinas do OITO com apoio do projeto local "Couração" e do Centro de Medicina Digital P5 da UMinho.
Com dez anos de experiência na área da inclusão digital [foi tema do seu doutoramento] no Brasil, a formadora considera que "as dificuldades no digital" são transversais a toda a população na faixa etária acima dos 55. "Já fiz um workshop único com pessoas até com doutoramento e que com a vergonha porque a família já usa as tecnologias, os netos utilizam com muita facilidade, preferiam nem tentar. Acredito que o OITO quebra essa barreira, tira o medo e empodera", disse.
Ao fim das oito sessões que o projeto contempla, a turma de Paredes de Coura, a cuja última aula o "Jornal de Notícias" assistiu, atestou resultados positivos.
Trabalha com o telemóvel
"O telemóvel não é muito a minha praia, não gostava, mas aprendi e agora quando preciso já trabalho nele", disse Carminda Lima, 66 anos, antiga funcionária administrativa na escola, onde a camarada Filomena, que está sentada a seu lado, deu aulas.
"Tive muitas formações ao longo da minha vida profissional, mas esta, para mim, para terminar o resto da minha vida, foi espetacular", comentou a ex-docente, explicando que antes "usava o telemóvel para o básico, telefonar e mandar mensagens, mas com alguma dificuldade porque não dominava muito bem".
"A minha neta ensinava-me, mas é muito rápida e não vejo nada. Nesta ação de formação, aprendi. Estou muito grata. Foi tudo muito fixe e giro", aplaudiu.
Usar a tecnologia para bem da saúde
Fazer com que os maiores de 55 tirem partido da Internet para benefício da saúde física e mental é uma das linhas de ação do OITO. Por isso, Anna apresenta-lhes o GIRO, também da autoria de investigadores da UM, um livro, com plataforma gratuita no Facebook, com sugestões de exercícios físico, memória e guias de observação. A publicação já foi distribuída por 300 seniores em Guimarães e Paredes de Coura, que a seguem de forma virtual para se exercitarem durante as aulas.