Nova travessia vai permitir evitar que milhares de camiões circulem pelo centro de Vizela.
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A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, chegou com pompa a Vizela, este sábado de manhã, numa charrete, acompanhada pelo presidente do Município, Victor Hugo Salgado, para inaugurar a Ponte da Aliança. Numa manhã fresca e ventosa, o povo que se juntou para ouvir falar os ilustres não era muito. A ponte em si não é novidade, há várias semanas que entrou em funcionamento. As pessoas guardavam-se para a feijoada servida em cima do tabuleiro da nova travessia para 500 comensais.
Enquanto se aguardava pelas entidades para a bênção e os discursos da praxe, comentava-se o mérito da obra. "A maior que se fez em Vizela, desde que fomos elevados a concelho", afirma Augusto Fernandes, sem hesitação.
Traz no bolso, junto ao coração, uma bandeira do concelho, cuidadosamente dobrada, que retira, com uma lágrima a dançar nos olhos. "Esta esteve em Lisboa, no dia 19 de março de 1998, e está hoje aqui", conta.
Nesse dia foi aprovada, na Assembleia da República, a elevação de Vizela a concelho. O novo município, que nasceu no último sopro do século XX, tem numa das suas maiores riquezas, o rio Vizela, um obstáculo que divide o território. A antiga ponte, uma construção de dois arcos em pedra, ao estilo românico, cuja referência mais antiga é de 1735, não permitia que dois carros se cruzassem.
Até pancadaria havia
O vizelense recorda que, mais do que uma vez, houve pancadaria em cima da ponte. "Encontravam-se ao meio e ninguém queria recuar. Não era brincadeira, foi uma sorte nunca ter morrido ninguém. Chegou a haver facadas", salienta.
Augusto estava entre os vizelenses que há muito reclamavam uma solução nas reuniões de Câmara. "Uma altura pus-me ali a contar, entre as 7.30 e as 9 horas, passavam mais de 500 carros naquela ponte", revela.
De Santo Adrião a Tagilde, para os camiões, que não passavam na antiga via - ironicamente chamada "Ponte Nova" -, a distância eram 8,1 quilómetros, com passagem pelo centro de Vizela. Com a Ponte da Aliança - nomeada assim, porque ali perto foi formalizada a aliança entre Portugal e Inglaterra, em 1372 -, a distância caiu para 2,4 quilómetros.
Carlos Magalhães e António Ferreira, os presidentes das juntas de freguesia unidas pela nova travessia tinham razões para sorrir, enquanto comiam a feijoada. "Era uma ligação necessária para as empresas dos dois lados do rio. Agora falta a ligação à A11", realça o segundo. Victor Hugo Salgado teve, nas últimas autárquicas, a vitória mais expressiva do país (74%). Entre as garfadas de feijão, o povo afirmava que a capacidade de fazer esta obra num mandato não foi alheia ao sucesso eleitoral. A terminar, o presidente sublinha que "agora falta o acesso à autoestrada". E, no adeus a Vizela, a ministra assegurou levar consigo essa preocupação.