<p>Loures comemorou ontem o centenário da implantação da República, um dia antes do resto do país. As celebrações incluíram uma recriação histórica com uma centena de figurantes, espectáculos musicais, exposições e a visita do presidente da República.</p>
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O Largo do Chafariz – hoje chamado de 4 de Outubro, precisamente em homenagem ao dia em que a República foi proclamada em Loures – está tomado por uma grande agitação. Os pregões da peixeira, do aguadeiro, da vendedora de tremoços cruzam-se no ar. As crianças saloias, de roupas humildes, brincam com uma bola de trapos e outros brinquedos tradicionais. Contrastando com os demais, dois ou três casais de burgueses passeiam pela praça numa pose altiva.
Apesar de a cena recriar a vida saloia de há 100 anos, este não é um dia normal. Aqui e ali, elementos da Junta Revolucionária conversam disfarçadamente. O povo está visivelmente insatisfeito e um grupo de mulheres, empunhando bandeiras negras, marcha exigindo pão barato.
A Junta Revolucionária reúne-se e, instigada pelo troar dos canhões em Lisboa e pelo trânsito cortado na Calçada de Carriche, supostos sinais de que as coisas corriam de feição para os republicanos, decide tomar a Câmara Municipal. É do antigo edifício dos Paços do Concelho – hoje degradado e à espera da prometida intervenção da autarquia para ali fazer um museu – que os revolucionários dão vivas à República.
Interpretada por mais de 100 figurantes, entre os quais actores do Teatro Independente de Loures e crianças de escolas locais, a recriação de ontem contou também com a colaboração de várias colectividades e de comerciantes.
A reconstituição, repetida ao longo do dia e vista por centenas de curiosos, foi apenas um dos pontos do longo dia de comemorações em Loures, entre as quais uma sessão extraordinária da Assembleia Municipal, com a presença do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.
O presidente da República inaugurou a exposição “Loures no Despertar da República” e a noite terminou com um desfile de bandas do concelho.