Pouca afluência ao take-away e época baixa levam a que muitos encerrem, pelo menos, até final deste mês.
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A maioria dos restaurantes de leitão da Mealhada estão encerrados durante o mês de janeiro. Limitados apenas ao serviço de take-away, os proprietários ouvidos pelo JN consideram que não compensa estar a servir, numa altura que, normalmente, já é de pouca afluência. Lamentam ainda não terem recebido qualquer tipo de apoios por parte do Estado.
"Com os gastos que íamos ter com água e eletricidade, para os clientes que teríamos, não valia a pena abrir", revela ao JN Carla Couceiro, proprietária do Couceiro's dos Leitões. O restaurante está fechado desde 31 de dezembro e deverá manter-se assim todo o mês de janeiro. "Muitos dos nossos clientes são de fora do concelho e, não se podendo deslocar, também não viriam cá", aponta.
Carla Couceiro lamenta a ausência de apoios por parte do Estado: "Em junho, falaram numa linha de apoio a fundo perdido, mas nunca mais se falou nisso".
Ao lado, o Castiço também está de portas fechadas, só funcionando por encomendas de leitão. "Estivemos abertos dois dias em janeiro. Para estarmos abertos em take-away temos de ter uma pessoa na cozinha e outra na frente de sala e não vem quase ninguém", lamenta Carla Carvalheira, a proprietária do restaurante que funciona à entrada da cidade há 46 anos. O aumento de casos de covid-19 no concelho precipitou o fecho das portas, a partir de 6 de janeiro.
Para férias
A Churrasqueira Rocha, a caminho entre a Mealhada e o Luso, está fechada para férias até 26 de janeiro, um período que já estava programado. "Tiramos sempre férias em janeiro, que é um mês de menor procura", justifica Joaquim Rodrigues, proprietário da Rocha. Apesar de o período de férias ser até 26 de janeiro, Joaquim Rodrigues admite que só irá abrir, para regime de take-away, a partir de fevereiro. "Abriremos em função das diretrizes que houver na altura, que se estima que seja a continuação do estado atual", aponta.
Abertos para fazer algum
Um dos poucos estabelecimentos abertos, em regime de take-away" é o Nélson Simões dos Leitões, na Avenida da Restauração. Vai manter-se aberto durante o mês de janeiro, apesar de o movimento de clientes ser escasso. "Vou manter aberto o estabelecimento, para ver se faço algum dinheiro. Mas a afluência é pouca, sobretudo ao fim de semana", descreve o proprietário, Nélson Ferreira.
O responsável pelo estabelecimento candidatou-se aos apoios financeiros do Estado, mas ainda não tem nenhuma informação sobre a sua aprovação. "Pergunto quase todos os dias ao contabilista, mas ele ainda não tem resposta. Com esses apoios já daria para atenuar alguns prejuízos", entende.
Pandemia
Perdas entre os 40% e 50% no ano passado
Num ano normal, os restaurantes da Mealhada vendem uma média de 250 a 300 leitões por semana, o que dá um total de 12 a 13 mil por ano. Em 2020, esse número cifrou-se em cerca de metade. "No último ano, tivemos quebras de faturação de 40% a 50% relativamente aos números de 2019. Este ano, e só a trabalhar em take-away estes dias, não será melhor", aponta Nélson Ferreira. Joaquim Rodrigues, da Churrasqueira Rocha, estima também uma perda na ordem dos 50%. "No verão tivemos movimento, mas houve uma redução das mesas para metade, o que nos prejudicou", revela. Carla Couceiro aponta também para valores a rondar os 50% de faturação, comparando os dois últimos anos civis. "No take-away só há uma minorização dos prejuízos, não há lucros", defende o empresário.