Locais e turistas pedem a reativação da travessia fluvial, que cessou em novembro de 2020. Associação dos Pescadores do Cais do Ouro candidata-se para fazer regressar as viagens.
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Deixou de haver a ligação fluvial entre o Cais do Ouro, no Porto, e a Afurada, em Gaia. Este vazio dura desde novembro do ano passado. Não há dia, sobretudo com tempo quente e ao fim de semana, em que não apareça alguém a perguntar se existe travessia. É uma constante. Também os moradores nas duas margens entendem que a reativação das viagens, a preços comportáveis, serviria os seus interesses. A Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos do Cais Do Ouro (APPDCO) está a estudar o assunto e promete candidatar-se à retoma da ligação.
"Há muita procura, por parte dos locais e dos turistas. Todos os dias nos perguntam. O transporte é do interesse de toda a gente. Para a associação seria uma fonte de receita", refere Francisco Jorge, presidente da APPDCO, adiantando que foram encetados contactos e que estão a ser avaliadas as hipóteses de financiamento para dispor de um moderno barco de passageiros (ler texto ao lado).
Moradora na Afurada, Aurora Moreira considera que o "transporte faz falta". Justifica que "há pessoas que trabalham na Foz e em Matosinhos e às quais a travessia de barco dava imenso jeito". Salienta, ainda, que "traria mais gente à freguesia e ajudava a economia local". António Ferreirinha, pescador reformado, lamenta a "interrupção" das carreiras, mas espera que "regressem".
No mesmo sentido vão as palavras dos moradores no Porto. António Calisto, pescador e a residir próximo do Cais do Ouro, defende que a passagem fluvial é necessária. "Iria beneficiar o turismo e o setor da gastronomia", explica.
aPDL trata dos cais
Conforme foi dito, o vazio dura desde 2020. Na altura, quem tinha a seu cargo as carreiras era a empresa Menino do Douro. Hoje, no cais, do lado do Porto, ainda lá está a placa indicativa do preço de dois euros por pessoa (mais um euro por bicicleta ou trotineta) e o horário de funcionamento, entre as 9 e as 17 horas. Ao JN, José Cardoso, diretor da empresa, afirma que a atividade terminou porque "o cais, do lado de Gaia, partiu-se devido às cheias e não foi recomposto". A argumentação reside na "falta de condições para atracar e receber passageiros".
Versão diferente tem a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), entidade que gere os embarcadouros e garante que os "cais do Ouro e da Afurada estão aptos a receber operações de embarque e desembarque", mesmo com a ressalva da plataforma gaiense "encontrar-se em processo de requalificação". A APDL acrescenta estar "disponível para avaliar os pedidos de uso de cais que lhe são submetidos por qualquer operador que reúna as condições".