O encerramento das esquadras do Lagarteiro e das Antas, no Porto, está a deixar os moradores revoltados. Receiam que a insegurança naquelas zonas aumente e afirmam não encontrar motivo para o fecho das instalações, confirmado pelo Governo.
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Nesta sexta-feira, fecha a esquadra das Antas, na Rua de Naulila, e a do Lagarteiro encerrará "em breve". De acordo com o Ministério da Administração Interna (MAI), os agentes serão transferidos para a esquadra da Corujeira.
A novidade chegou aos agentes via e-mail e com uma semana de antecedência, garante Pedro Carvalho, vice-presidente do Sindicato Vertical de Carreiras da Polícia. O sindicalista revela que os colegas das Antas foram avisados na passada sexta-feira que tinham uma semana para deixar os seus armários vazios e escolher a esquadra para onde gostariam de ser transferidos. "Desde que haja vaga", salvaguardou.
Pedro Carvalho garante ainda que, em pouco tempo, a única esquadra da zona aberta será a do Bom Pastor, porque mesmo a do Corujeira deverá fechar para obras em breve. "Não sei qual é a ideia", critica.
O único serviço que permanecerá na esquadra das Antas será a Divisão de Investigação Criminal. O atendimento ao público vai terminar. Todas as queixas e participações terão de ser apresentadas na Corujeira, a cerca de dois quilómetros.
Vontade dos moradores
A esquadra das Antas foi erguida graças à ajuda dos moradores. Entre eles, estiveram os pais de Armando Ribeiro, de 79 anos. Foi "com sacrifício" que o casal contribuiu para a construção do espaço, garante o morador.
"Foi o povo daqui que deu aquilo que podia para construir a esquadra", conta Armando, preocupado com a insegurança que, segundo diz, irá aumentar.
O MAI explicou à Lusa que a reorganização das esquadras no Porto começou a ser implementada na última semana, com a inauguração das novas instalações em Cedofeita. E lembrou que no Lagarteiro a esquadra funciona apenas como posto de atendimento.
Para os moradores das Antas, a decisão é incompreensível. "De vez em quando há assaltos, principalmente a carros. Sem a esquadra, é possível que aumentem, porque aqui há muito estacionamento", admite Maria Rodrigues, de 66 anos.
Ministério justifica-se
A tutela explica que a alteração tem como objetivo "aumentar a presença desta força de segurança junto da comunidade, colocando mais agentes em funções operacionais e menos em funções administrativas e de atendimento ou segurança de instalações próprias", o que conduzirá a concentração de agentes em esquadras com mais espaço e melhores condições.
Acácio Ribeiro, de 77 anos, recebeu a notícia com surpresa: "Ninguém se entende". O morador diz não perceber o que está a acontecer aos serviços públicos da zona: "Os correios da Areosa, que tinham tanta gente, fecharam. A Loja do Cidadão também já não recebe certos documentos. Não percebo", criticou.
Inauguração
Cedofeita tem nova esquadra há uma semana
A esquadra de Cedofeita, no Porto, foi inaugurada há cerca de uma semana. A PSP ocupou o edifício da antiga Junta de Freguesia, na Praça Pedro Nunes, após dois anos de obras. A renovação daquelas instalações irá permitir desativar o espaço que tinha sido criado provisoriamente na Rua do Paraíso. No entanto, também os moradores daquela zona lamentaram a mudança, garantindo que ter a PSP ali dava-lhes maior segurança. Na cerimónia de inauguração, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, alertou que "ainda há muito por fazer" na cidade.