Ricardo Valente confirma saída da Câmara do Porto e justifica-se com fim de ciclo
O vereador das Finanças e Atividades Económicas da Câmara do Porto, Ricardo Valente, confirmou, esta quinta-feira, a renúncia ao cargo, por considerar que se fecha um ciclo, mas que se manterá em funções até janeiro, a pedido do presidente da autarquia, Rui Moreira.
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"A minha saída resulta de uma questão simples: estamos a fechar um ciclo, o doutor Rui Moreira está no seu último mandato e estamos a entrar numa fase que a mim não me interessa minimamente. Entrei no projeto para transformar, retransformar e ajudar a mudar a cidade do Porto e não estou disponível para estar num projeto quando passamos a estar numa lógica de gestão corrente", afirmou Ricardo Valente, à Lusa.
Conforme o JN noticiou em primeira mão, Ricardo Valente deixa as funções executivas por vontade própria. Segundo apuramos, na missiva enviada ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, dando conta da sua decisão, o vereador não apresentou como uma única justificação o fecho de um ciclo, mas também o facto de não se rever no rumo atual da autarquia, deixando críticas também à postura de alguns membros do município, que estarão mais preocupados com objetivos políticos do que com o trabalho em prol da cidade. Nesta quarta-feira, o JN contactou o vereador, que preferiu não tecer comentários, alegando que as conversas com Rui Moreira não eram para ser tornadas públicas. De igual forma, o JN procurou ouvir, sem êxito, o presidente da Câmara do Porto.
Vereador do pelouro das Finanças, Atividades Económicas e Fiscalização, bem como do pelouro da Economia, Emprego e Empreendedorismo, Ricardo Valente tornou-se militante da Iniciativa Liberal, em outubro de 2020, tendo deixado a associação cívica "Porto, o Nosso Movimento", que sustenta a maioria de Rui Moreira, em novembro de 2022. Em declarações ao JN, Ricardo Valente já manifestou a sua disponibilidade para encabeçar uma candidatura dos liberais à Câmara do Porto; mas à Lusa, nesta quinta-feira, garantiu que a renúncia não tem a ver com uma eventual entrada na corrida eleitoral.
"A minha saída não tem rigorosamente nada a ver com uma candidatura em 2025 pela IL. Não sou alguém que queira ter carreira política que não seja executiva e efetiva. Nunca serei, na política, alguém sem contribuir. Também não quero condicionar a IL. Não está claramente nos meus horizontes a participação política enquanto candidato pela IL", referiu.
Ricardo Valente diz que não sai em rutura com o presidente da Câmara do Porto, ao qual teceu elogios. "Anuí a um pedido do senhor presidente e fico naturalmente até janeiro. Fui sensível aos argumentos do doutor Rui Moreira. Isso também demonstra a contradição de estarmos em colisão. Mas o meu lugar está à disposição", acrescentou, nas declarações à Lusa.
Ricardo Valente sublinhou ter "um enorme respeito institucional e pessoal" por Rui Moreira, e garantiu que "sempre" lhe foi dado "todo o grau de liberdade" nas suas áreas de atuação. "Portanto, esta saída é claramente algo muito pessoal. A minha saída tem a ver com não querer estar numa Câmara num momento em que a gestão, muitas vezes, já está alicerçada em processos de eventuais candidaturas ou não candidaturas. Eu não quero estar. O meu trabalho está estruturalmente feito", referiu, destacando alguns dossiês que marcaram as suas funções recentes.
"Não vou prejudicar ninguém com a minha saída. O Orçamento [para 2025], que era da minha responsabilidade, está aprovado. O financiamento [de 200 milhões de euros] do Banco Europeu de Investimento, outro grande projeto que nós tínhamos que é gigante do ponto de vista de retransformação da cidade, foi aprovado na semana passada. Temos aprovado o Regulamento do Alojamento Local, que era algo que também estava comigo", enumerou.