Rock no Rio Febras apoia produtor acusado pela Louis Vuitton: “Temos de ser uns para os outros”

Festival fez publicação a apoiar produtores de licores
Foto: Instagram / Rock no Rio Febras
O festival Rock no Rio Febras, que se viu obrigado a mudar de nome em 2023, após ter sido acusado de concorrência desleal pela organização do "Rock in Rio", tornou pública esta quarta-feira a sua solidariedade com o produtor de licores de Monção alvo de uma acusação semelhante pela marca de luxo Louis Vuitton.
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Numa publicação no Instagram, a organização do evento não só ironiza com o caso, noticiado pelo Jornal de Notícias, como convida André Ferreira e a namorada Tânia, que criaram a "LV-Licores do Vale", contestada judicialmente pela marca francesa, a participarem e venderem a seu produção na próxima edição do festival, que vai decorrer em 25 e 26 de julho, em S. Salvador de Briteiros, Guimarães.
A ironia marca o discurso e a imagem da publicação faz o resto.
"Nós os alegados concorrentes desleais, temos de ser uns para os outros", lê-se na imagem publicada no Instagram, que inclui um frasco de licor em forma de mala de luxo, com o logótipo da "LV-Licores do Vale".
No texto que a acompanha, a organização do Rock no Rio Febras, escreve: "Para apoiar o processo, fica desde já o convite ao André e à Tânia a juntarem-se a nós em Briteiros, a 25 e 26 de julho, e trazerem consigo um bom carregamento do tão afamado licor - 'botamo-nos' a adivinhar que se vendia bem…E, claro, disponibilizamos também a nossa vasta equipa de juristas".
Recorde-se que a Louis Vuitton avançou com um processo de direito de propriedade intelectual contra André Ferreira, técnico de metrologia no ISQ, e produtor de licores caseiros nos tempos livres. Deu entrada com uma ação no Tribunal da Propriedade Intelectual (Lisboa), contestando o registo da marca "LV - Licores do Vale", concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industria (INPI), em janeiro de 2025.
Invoca a semelhança entre o logótipo da marca de licores e o da Louis Vuitton e acusa o produto de "aproveitamento parasitário do prestígio da marca de terceiro". Considera que o registo pelo INPI possibilita "concorrência desleal", com "benefício" para o produtor de Monção por utilização do "sinal idêntico ou semelhante".
André alega que o seu logótipo foi desenvolvido, em parceria com a namorada, e não tem qualquer ligação à marca francesa.
"O L é de licores e o V de vale. O V foi virando ao contrário para simbolizar as montanhas envolventes à nossa freguesia [Longos Vales], e as folhinhas representam a natureza", descreve.
O festival Rock no Rio Febras viveu uma contenda idêntica em 2023, ao ser confrontado pela organização do Rock in Rio, com a acusação de concorrência desleal. O caso não chegou aos tribunais, mas a organização acabou por mudar o nome de Rock in Rio Febras, para Rock no Rio Febras.
No caso de André, o registo da marca "LV-Licores do Vale" está suspenso até decisão do juiz.
O festival de Guimarães abraça a causa do produtor de Monção com sarcasmo.
"Esperamos que, agora que as semelhanças entre os logos foram realçadas por atentos burocratas (e que antes eram, realmente, impossíveis de discernir), todos possamos adquirir produtos da Licores do Vale com confiança redobrada de que estamos a comprar ao fornecedor certo".
O caso está a ter grande repercussão nas redes sociais, com a maioria dos internautas a tomar partido pelo produtor de licores e hoje também a apoiar a iniciativa do Rock no Rio Febras e a venda dos polémicos licores no evento.

