As autoridades estão com dificuldades em identificar uma das duas vítimas mortais do incêndio, na Rua Morais Soares, em Lisboa, porque, em pânico com as labaredas e o fumo, quando se atirou do segundo andar, a carteira caiu-lhe do bolso e foi roubada. A outra vítima ficou carbonizada e o prédio, no qual havia apartamentos sobrelotados, ardeu parcialmente. Há dez feridos e dez desalojados.
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De acordo com testemunhas e fonte das autoridades, a carteira foi avistada, uma primeira vez depois do corpo ter caído ao chão e, logo depois, desapareceu.
O incêndio aconteceu na noite de sexta-feira e, no prédio viviam emigrantes da Guiné, Senegal, Gâmbia e Brasil, alguns apartamentos estavam em situação de sobrelotação. O senhorio estava em litígio com um inquilino, que subalugava quartos e não pagava renda há 18 meses. A ação de despejo já deveria ter acontecido nesta semana, apurou o JN.
A Junta de Freguesia afirma que desconhecia a situação de subarrendamento ilegal. "Não tínhamos conhecimento de que morava ali tanta gente nessas circunstâncias", afirmou José Eduardo Matos, vogal da Proteção Civil da Junta de Freguesia de Arroios.
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Fati Seco, 51 anos, já estava deitado quando começou a ver fumo. "O fogo começou no vão das escadas da entrada e subiu. Entrou por baixo da porta do quarto e tomou conta de tudo. Fugimos para o pátio, nas traseiras, e os vizinhos do prédio ao lado ajudaram-nos a sair", conta o guineense, que ficou apenas com a roupa que trazia no corpo. Fati vivia com mais seis pessoas, inclusive duas crianças de seis e sete anos, que estão agora, juntamente com mais quatro moradores, alojados na Pousada da Juventude de Picoas.
Dois dos feridos graves também saltaram da janela para fugirem às chamas, mas sobreviveram e não correm perigo de vida. A pessoa que inspira mais cuidados, e está com prognóstico muito reservado, sofreu inalação de fumos, com queimadura das vias aéreas. Os dez feridos foram para os hospitais de São José e de Santa Maria.
Na entrada do número 137 da Rua Morais Soares estariam vários pertences amontoados de um dos moradores, inclusive um colchão, que se preparava para mudar de casa. "Penso que a quantidade de coisas que estavam lá acumuladas ajudaram o fogo a propagar-se mais rapidamente", acredita Fati. Carlos Barreto, morador nas traseiras do prédio que ardeu, testemunhou várias pessoas a tentarem sair pelo pátio das traseiras: "Foi o pânico geral".
Paulo Neves, senhorio do prédio, admitiu, ao JN, que estava numa situação de litígio com o inquilino, mas não quis adiantar mais pormenores. As causas do incêndio ainda não são conhecidas.