<p>Os turistas e moradores da Figueira da Foz estão preocupados com a falta de policiamento no Bairro Novo durante a noite e falam em alguns desacatos. O sentimento de insegurança agravou-se na madrugada de domingo, quando um homem foi atingido a tiro numa perna.</p>
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“Ando por toda a parte aqui na cidade e não vejo polícia. Em anos anteriores lembro-me de os ver, e agora nada”. A expressão é de João Cortesão, empresário ligado à tauromaquia, que visita regularmente a Figueira da Foz há 63 anos. “A insegurança é muita, há grupos que são assaltados durante a noite”, revela. Sobre o incidente da madrugada de domingo, explica que se tratou de um ex-forcado de Almada, que foi acompanhar o seu antigo grupo numa corrida de touros. “Pelo que me contaram, à saída de um bar levou dois tiros na perna. Foi operado ao fémur na quarta-feira”, conta.
Um outro veraneante, que não se identificou, explica que, ao fim-de-semana, o Bairro Novo – em plena zona nobre da cidade – se enche de pessoas. “Este Verão abriram duas discotecas na zona, que faz com que se concentrem aqui até de manhã. Antes os bares fechavam às quatro”, afirma. Sublinha ainda que uma das discotecas novas, aberta há um mês, já mudou duas vezes os vidros, por terem sido partidos.
Luís Santos e Pedro Ferreira vivem na Figueira da Foz e frequentam regularmente a zona dos bares do Bairro Novo. Reconhecem que tem havido um aumento das ocorrências, sobretudo assaltos. “A polícia de intervenção esteve cá 15 dias e foi embora. Ao que parece, não há orçamento para mais”, conta Pedro.
Entre os proprietários dos estabelecimentos há divisões. Mário Esteves, do restaurante Caçarola, reclama mais polícia, uma vez que a abertura de dois novos estabelecimentos nocturnos alterou os hábitos no centro. “Há que fazer alguma coisa, até porque estamos numa zona nobre da cidade”, justifica. Mico da Câmara Pereira, proprietário de um dos novos espaços, reconhece ainda não ter visto muito policiamento, mas afirma não se sentir inseguro no espaço que dirige. “Não noto problemas nenhuns”, defende.
A situação foi discutida na última reunião do executivo camarário. Miguel Almeida, vereador do PSD (que o JN encontrou em pleno Bairro Novo) aponta para um clima de “insegurança psicológica” motivado pela ausência de polícia. “Numa cidade turística não pode haver este clima”, defende. Conta ainda que viu, recentemente, uma rapariga ser cortada na cara por um grupo, com um copo partido. “Acham que os pais dela vão cá voltar? Claro que não”, acusa.
O vereador entende que a patrulha de quatro elementos do Grupo de Intervenção Rápida da PSP da Figueira da Foz é insuficiente para assegurar o policiamento nocturno durante o Verão, mas reconhece que a polícia tem falta de agentes.
O JN não conseguiu contactar o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde das Neves. Na reunião de Câmara em que o tema foi discutido, o autarca, citado pela Lusa, negou um clima de insegurança na cidade, embora admita que o “problema de aglomerado de massas” no Bairro Novo obrigue à intervenção das forças policiais.