Os furtos de cobre dos postes da PT em Monsanto, Alcanena, repetem-se há um ano e ocorrem, por vezes, mais que uma vez por mês. A aldeia fica sem contacto com o mundo e sem acesso a serviços básicos.
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Acordam e vão logo levantar o telefone para ver se há sinal. Em caso negativo, já sabem o que os espera: dias seguidos sem comunicação com o resto do mundo. Na aldeia, o sinal de telemóvel é fraco para quase todas as redes e as comunicações tornam-se impossíveis. Mas os prejuízos não se ficam por aqui. A única caixa multibanco não funciona, o médico não pode passar receitas e o posto dos correios fica praticamente inoperacional. Monsanto é a localidade mais afetada, mas outras em volta sofrem do mesmo problema. Ao todo, estima-se que 5000 pessoas sejam afetadas.
"Ficamos mais isolados que uma ilha dos Açores", desabafam, à porta da sede do clube local, alguns reformados. Dizem que os furtos de cobre nos postes da PT começaram há sensivelmente um ano, mas que a situação tem vindo a agravar-se nos últimos meses. "Pagamos 30 dias pelo serviço, mas às vezes nem metade funciona ", destaca Tiago Pereira, residente e trabalhador na pequena aldeia com pouco mais de um milhar de habitantes.
Os furtos ocorrem, durante a noite, num eucaliptal pouco distante da localidade. "Eles já estão tão á vontade, que já abriram um carreiro entre o mato para facilitar o acesso. E, das últimas vezes, até cerraram os postes para chegarem aos cabos", conta Pedro Nascimento, um empresário que se tem desdobrado em ações junto das autoridades para tentar encontrar uma solução que acabe com a onda de furtos.
"O problema é que, apesar da situação durar há um ano, a primeira queixa que entrou na GNR data de dezembro. E a queixa tem de partir do proprietário do material furtado, que, no caso, é a PT. Mas, pelo que soube, a empresa até aí não havia participado os outros furtos. Limitava-se a proceder à substituição dos cabos", revela.
Caos nos correios
Na Junta de Freguesia, onde funcionam também os CTT, Paula Magalhães dá conta da confusão nos dias em que a população chega e não consegue pagar as faturas. "Ficamos sem sistema, as pessoas não conseguem pagar as faturas e depois começam a receber os avisos das empresas a dizer que têm que saldar as dívidas. É um caos", conta.
Filipe Santos tem uma pequena empresa na terra e diz que só o mau tempo, por vezes, é "aliado" da população. "Nos últimos dias, como tem chovido muito, não está bom para ir para a serra cortar fios. Bastou uma noite sem chover e houve logo mais um furto", contou ao JN.
O JN tentou ouvir os responsáveis da PT mas não obteve respostas em tempo útil.