A atribuição do nome de António Oliveira Salazar a uma das ruas principais de Monte Real é encarada com normalidade pela população da freguesia de Leiria, por já estar habituada. As más memórias do tempo da ditadura levam, contudo, outras pessoas a defender a mudança de designação, para homenagear beneméritos da vila.
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Maria Santos, 77 anos, habituou-se a dar a morada, que resume a Rua Dr. Salazar, e não vê inconveniente nisso. Recuando no tempo, explica que era jovem nessa altura e não se conversava sobre o assunto em casa. "A minha família nunca sofreu com a PIDE [Polícia Internacional e de Defesa do Estado], mas agora fico arrepiada por saber que torturavam pessoas", afirma. "Mas Salazar, se calhar, não sabia."
"Não tenho nada contra o nome, embora seja uma pessoa do outro regime, com o qual nunca alinhei", esclarece António Simões, 72 anos. Apesar de estar habituado à designação, recorda que houve propostas para a alterar, mas não vingaram, por ser muito antiga. "Se quiserem mudar, têm o meu apoio", garante. "Andei na Guerra Colonial, em Angola, 20 meses. Se não fosse o 25 de Abril, se calhar, andava 40."