Rui Moreira considera "uma gota no oceano" que o Porto tenha 14 mil turistas por dia
O presidente da Câmara do Porto revelou, esta segunda-feira, que o Porto acolhe diariamente 14 mil turistas, o que será "uma gota no oceano". Para Rui Moreira, esse número "desfaz" o "mito urbano" de que a cidade está "infestada com turistas" ou que o turismo é o responsável pelo aumento do preço das habitações.
Corpo do artigo
"Atualmente, cerca de 400 mil pessoas passam o dia na nossa cidade, conforme foi revelado no último Conselho Municipal de Economia. À população residente somam-se cerca de 140 mil pessoas que se deslocam diariamente ao Porto, bem como os 14 mil turistas que a cidade acolhe e outros city users, em particular estudantes universitários", revelou o presidente da Câmara do Porto, esta segunda-feira, durante uma reunião da Assembleia Municipal.
Para Rui Moreira, o número sobre a quantidade diária de turistas que passam o dia na cidade desfaz vários mitos, resultando do facto de a cidade estar "mais moderna e cosmopolita, sem perder o seu carácter único" e de gozar "de maior projeção internacional". "Quanto ao número de turistas que diariamente a cidade acolhe, 14 mil, parece-me que se desfez um mito urbano. O mito de que o Porto está infestado de turistas, para mal do bem-estar e da tranquilidade de quem cá vive", considerou.
"A constatação de que temos 14 mil turistas diariamente no Porto também serve para desmistificar outras ideias virtuais. Desde logo, a ideia de que o aquecimento do mercado imobiliário no Porto se deve em grande medida ao turismo", defendeu, considerando que "esse aquecimento decorre sobretudo da falta de oferta imobiliária e da financeirização dos imóveis".
Daí que, Rui Moreira considere: "Convenhamos: 14 mil turistas é uma gota no oceano, considerando os mais de 200 mil residentes locais e o peso da população pendular, que como vimos se cifra em 140 mil pessoas".
Ainda assim, o autarca independente garantiu que não irá "escamotear ou minimizar os impactos negativos do turismo na cidade". "É preciso encarar esses impactos com objetividade e pragmatismo, e não com base em fantasmas que os números desmentem", advertiu.
Rui Moreira lembrou, nesse sentido, que a Câmara do Porto tem procurado que a cidade continue "a ser um destino turístico sustentável", nomeadamente ao tencionar aumentar a taxa turística de dois para três euros e ao lançar uma estratégia de dispersão dos turistas pela cidade, "por forma a impedir a sua hiperconcentração na Baixa e no Centro Histórico".
O autarca admitiu, porém, que "o peso diário dos fluxos pendulares é, obviamente, um desafio para a mobilidade da cidade". "Sobretudo se tivermos em conta os conhecidos estrangulamentos nas principais via de acesso ao Porto, em particular na malfadada VCI", apontou.
O número de 14 mil turistas diários foi contestado, contudo, pelo deputado municipal da CDU. "Não sei qual é o conceito de turista. Se tem a ver com dormidas. Há qualquer coisa que acho que não bate certo. Se temos 18 milhões de euros de taxa turística, isso dará 17 mil dormidas por dia", apontou Rui Sá.
A ser verdade, os 14 mil turistas diários, para a CDU é a prova de que a cidade já possui demasiados alojamentos locais. "Se temos 10.449 alojamentos locais e 14 mil turistas diários, já temos alojamentos a mais", constatou Rui Sá, defendendo que seja imposta a proibição de novos registos "em certas freguesias".
"Os 14 mil são os turistas que permanecem na cidade. Há muitos que dormem mas não estão na cidade durante o dia", explicou Rui Moreira, desvalorizando o número de alojamentos locais: "Representam 3,3% da habitação na cidade".
"O turismo traz riqueza à cidade", sublinhou Raúl Almeida, líder parlamentar o movimento de Rui Moreira, considerando que são receitas como a do turismo que permitem, por exemplo, que o Porto tenha "uma cobertura de habitação social seis vezes superior à média nacional".