Rui Rocha foi ao mercado propôr “soluções frescas e boas” mas ouviu queixas sobre privatizações
O líder da IL esteve esta sexta-feira de manhã no mercado de Guimarães onde, entre compras de cavacas, uvas e pão de deus, propôs “soluções frescas e boas” aos clientes, mas ouviu algumas queixas sobre o seu plano de privatizações.
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Logo à chegada ao mercado, rodeado por uma comitiva de algumas dezenas de membros, com bandeiras e camisolas azuis da IL, Rui Rocha cruzou-se com Felicidade, que vendia legumes e, de mãos pretas da terra, se virou para o líder da IL e lhe disse que as suas unhas “estão sempre vestidas de luto”.
De olho num corta-legumes manual na banca do lado, Rui Rocha quis também sujar as mãos – apesar de ouvir reparos para ter cuidado e “não cortar os dedos” – e começou a triturar uma couve de caldo verde, aproveitando para fazer trocadilhos. “É isto que nós queremos fazer à burocracia: triturar a burocracia. A partir de segunda-feira, vai ser em quantidade”, disse, ironizando que não precisava de passar a esquerda pelo corta-legumes porque esses partidos se “trituram a si próprios”.
Ao lado, Felicidade ia observando Rui Rocha, que garantia estar a ter cuidado com as mãos porque vai precisar das “unhas para tocar guitarra a partir de segunda-feira”, e, hesitante, mas incentivada pelos jornalistas, optou por também entrar na troca de trocadilhos.
“Rui Rocha vai meter-se num caldo na segunda-feira?”, ouviu dos microfones estendidos, e Felicidade manifestou-se convicta de que o líder da IL vai estar metido “num caldo de melhoria”, que envolva também a AD e Luís Montenegro. “Tenho fé que sim, que eles se vão unir. Gosto dos dois”, disse, sem querer revelar em quem vai votar este domingo, apesar de mostrar-se inclinada para Luís Montenegro.
Depois deste diálogo bem-humorado, Rui Rocha foi-se aventurando em várias bancas, não se ficando pelos diálogos. Descascou favas e tirou da carteira para comprar uvas, pão de deus para a sogra e cavacas numa banca que, disse a comerciante, vende “produtos de qualidade e não esterco”.
Rui Rocha foi perguntando às pessoas como ia o negócio, ouvindo algumas queixas sobre o estado da economia e do país, mas também promessas de votos e pedidos para que se coligue com a AD a partir de segunda-feira.
Apesar do acolhimento maioritariamente caloroso, o líder da IL ouviu também algumas críticas, em particular de um senhor que lhe pediu, em jeito de provocação, que “não privatize também o mercado”. “Não vá nisso, não se meta nas privatizações. Veja lá”, avisaram também outras duas senhoras.
Aos jornalistas, Rui Rocha rejeitou que o plano de privatizações defendido pela IL – que inclui a venda da TAP, CP, RTP e Caixa Geral de Depósitos – possa fazer com que o partido perca eleitores nas legislativas de domingo.
“Faz parte da capacidade reformista da IL e eu já o disse: a privatização da TAP é absolutamente prioritária. Deve ser feita. Tivemos até o CEO da TAP a defender a privatização da TAP. É algo absolutamente necessário e as pessoas aqui sabem que é necessário”, disse, assumindo também como “questão fundamental e prioritária” a liberalização do mercado ferroviário.
As privatizações podem “trazer eleitores para a IL porque é mais um dado daqueles que nós temos defendido e é mais uma mostra de coragem da IL. Onde outros adiam, a IL defende com coragem aquilo que é melhor para os portugueses”, reforçou.
Apesar deste plano que, pelo menos neste mercado, revelou ser pouco popular entre alguns clientes, Rui Rocha parou numa banca de peixe para perguntar a Augusto, peixeiro, qual é o segredo do seu negócio.
A sardinha “tem de ser boa e fresca”, respondeu Augusto, com Rui Rocha, já rodado em trocadilhos após duas semanas de campanha, a não hesitar. “É esse o trabalho que temos de fazer. Quem oferece soluções boas e frescas, conquista os clientes”, disse Rui Rocha, convicto que, no próximo domingo, a banca da IL vai ter mais clientes do que alguma vez teve em legislativas.