A maioria dos trabalhadores da empresa Colchas S. Domingos, em Vizela, foi suspensa ao abrigo do "lay-off", por um período de seis meses, no dia em que viram regularizados os pagamentos de salários de Dezembro.
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A empresa alegou atrasos no pagamento dos reembolso do IVA por parte do Estado para justificar a situação, tendo regularizado as remunerações ao final do dia de ontem, coincidindo com uma reunião em que foi decidido aplicar o "lay-off" a 38 trabalhadores e reduzir o tempo de trabalho a dois dias e meio por semana a outros três. Os restantes 17 vão manter--se nos respectivos postos de trabalho, para executar uma encomenda, segundo revelou Francisco Figueiredo, dirigente do Sindicato Têxtil do Minho.
O sindicalista, que participou na referida reunião, opôs-se à medida de aplicação do "lay-off" porque considera, apesar de compreender as justificações, que não pode estar "de acordo com a sua aplicação, na medida em que esta suspensão, de acordo com a lei, penaliza fortemente os trabalhadores". O representante dos trabalhadores tentou um acordo em que a empresa assumisse o pagamento do subsídio de alimentação, mas sem êxito.
Aquela empresa, sediada em Cruz de Vila, freguesia de S. João, dedicada ao sub-sector dos têxteis-lar, vinha evidenciando dificuldades desde há cerca de dois anos, tendo, durante esse período, reduzido o número de trabalhadores, que chegou a ser de 200, através de rescisões individuais, por mútuo acordo.
Na empresa da qual é sócio Francisco Ferreira, presidente da Câmara de Vizela, nenhum dos trabalhadores abordados pelo JN quis falar à nossa reportagem. Mostram-se apreensivos, mas sobretudo temem represálias por parte da administração, na esperança de que possam voltar a ser chamados a trabalhar. Não foi possível contactar nenhum elemento da administração, tendo uma funcionária informado que só segunda-feira estará alguém na empresa.
Ainda assim, o número de trabalhadores suspensos ontem pela Colchas S. Domingos ficou abaixo do previsto inicialmente, atendendo a que "apareceu uma encomenda de 7000 peças, não é grande, mas justifica que fique um tecelão em cada turno e um conjunto de trabalhadores de outros sectores. É uma boa notícia, mas não está afastado que possam também vir a estar afectados pelo lay-off", esclareceu Francisco Vieira.
A administração apontou dificuldades de mercado para justificar a actual situação. Produtora de têxteis-lar, a Colchas S. Domingos está virada para a exportação, sobretudo para o mercado americano. A queda do dólar precipitou uma "situação económica e financeira altamente preocupante", refere Francisco Vieira.