A reabilitação do Cavalete do Poço de S. Vicente, ex-libris da vila mineira de S. Pedro da Cova, em Gondomar, agora terminada, marca o início da empreitada que visa a revitalização de toda a zona envolvente, incluindo a construção de um novo polo do Museu Mineiro, no "coração" das minas.
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É ainda neste cenário, mas mais junto às piscinas, que o autarca espera ver concretizado o financiamento do Governo, "como forma de compensar a população pelas cerca de 300 mil toneladas de resíduos perigosos", provenientes da Siderurgia Nacional , que foram depositadas nas escombreiras das antigas minas, entre 2001 e 2002. Para aí está pensada "a porta de entrada mais citadina do Parque das Serras, com balneários e uma rede de percursos que envolva toda esta área de quase 24 hectares", referiu o autarca.
Marco Martins recordou que este processo "teve início em 2018, quando a Câmara começou por adquirir os terrenos, tendo gasto para esse efeito 2,8 milhões de euros em expropriações".
Pedido diagnóstico
Por essa altura, foi pedido um estudo à Faculdade de Engenharia do Porto para realizar um diagnóstico ao Cavalete do Poço de S. Vicente, "que sem qualquer intervenção em quase 30 anos já tinha ferro à vista". "Foi-nos dito que, se não tivesse obras, corria o sério risco de ruir num prazo de dez anos", vincou o autarca.
A intervenção agora concluída, que permitiu manter a traça original do equipamento, custou cerca de 550 mil euros (com o projeto e o diagnóstico) e, entre outros detalhes, foram recuperadas as escadas para que, no futuro, o cavalete possa vir a ser visitável.
Projeto de milhões
Na próxima semana tem início "a limpeza da vegetação mais densa, a fim de ser efetuado o levantamento topográfico da zona", referiu Marco Martins, explicando que o principal objetivo "é deixar à vista os vários edifícios do complexo mineiro e, não sendo possível recuperar todos, escolher aquele que possa estar em melhor estado para acolher o futuro museu no verdadeiro centro do coração mineiro".
O presidente acredita que ainda antes de acabar o terceiro e último mandato conseguirá "lançar os concursos para isto tudo, que avançará por fases". Certo é que serão necessários "alguns milhões de euros".
Enquanto o projeto maior não fica pronto - "terá uma vertente ambiental, desportiva e histórico-cultural" -, até ao verão serão colocados painéis alusivos à história do local, junto à base do cavalete. "Vamos dar a conhecer às crianças, através de fotografias, como era este local, em plena atividade mineira e qual a utilidade deste equipamento", assinalou.
Pormenores
Visitável até ao topo
Depois da reabilitação do cavalete, numa fase posterior do projeto de revitalização da zona, será possível subir ao topo da torre, a mais de 38 metros de altura.
Sem funcionar
O cavalete, estrutura que puxava o carvão das galerias com a ajuda de duas "andorinhas" - as grandes roldanas que faziam deslizar os cabos de aço - das "jaulas" (elevadores) até ao poço deixou de funcionar há mais de 50 anos.
Início da remoção
Foi no ano de 2014 que começou a remoção dos resíduos perigosos depositados nas escombreiras das minas, mais de uma década depois de lá terem sido postos. O último camião com resíduos perigosos saiu de S. Pedro da Cova a 20 de julho de 2022.