Festa do S. Pedro, na Póvoa de Varzim, calhou no fim de semana e atraiu muitos forasteiros até à cidade. Desfile das rusgas fez jus à tradição e foi um dos pontos altos.
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“É a festa do povo, única, diferente de todas”, diz, sem hesitar, José Carlos Castanho. Ali, à porta de casa, na Rua Serpa Pinto, ao lado do palco do Bairro Norte, na Póvoa de Varzim, há mesa na rua, família e amigos reunidos, sardinha assada, broa e vinho e um lugar sempre vago para mais um. A rusga do bairro azul e amarelo acaba de passar. As tricanas desfilam orgulhosas, mãos à cintura, cantando e dançando, aventais e blusas carregados de pedras brilhantes, chinela de lustro e o cabelo preso num puxo.
“O orgulho da cidade somos nós! Somos nós! Somos nós!”, grita, a plenos pulmões, a claque com centenas de adeptos que segue atrás. Há bandeiras, cachecóis, tochas, bombos e muito fumo. Matriz, Sul, Regufe, Mariadeira e Belém haveriam de passar pouco depois. Mudam as cores, o mesmo bairrismo. É o amor às festas de S. Pedro a falar mais alto e a cidade encheu-se de gente para ver.
“Este ano, calhou no fim de semana e está muita gente de fora. Está uma noite maravilhosa: calor, sem vento. É tudo a ajudar”, diz, do outro lado da cidade, no eterno rival Bairro Sul, Marisa Pereira, que veio de Famalicão de propósito para assistir. Gosta da festa “genuína e popular”. A rusga do Norte espreita, à entrada da Rua 31 de Janeiro. Petardos, fumo e muitos “Nooortee!” gritados. “É um bairrismo sem igual!”, remata, numa noite que é passada a saltitar de bairro em bairro.
GNR deteve 28 condutores
“Passamos o ano todo à espera desta noite. A cidade fica linda”, diz Rafaela Cancela, que dança na rusga da Mariadeira e sorri. Ouviu nas notícias que “só de Lisboa vieram seis autocarros ao S. Pedro”. Ficou ainda mais orgulhosa. Eleva o rosto, coloca as mãos à cinta e segue com a rusga, rumo a mais um bairro, numa viagem feita a pé que começa às 21 horas e só acaba às 2 horas da madrugada. Tudo “pelo amor à Mariadeira”. O bailarico dura até de manhã e, ao nascer do sol, “a festa acaba a ir molhar os pés à praia”. Para a semana, na sexta-feira e no sábado, haverá mais.
Nos acessos à Póvoa, a GNR deteve 28 condutores numa ação de fiscalização, entre as 2 e as 6 horas da madrugada. Fiscalizaram-se 2164 condutores. Foram levantados "117 autos de contraordenação, dos quais 100 por condução sob influência de álcool".