Saída de 20 profissionais e "elevado número de baixas médicas" na ULS do Alto Minho
O presidente do Conselho de Administração (CA) da Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Minho, João Porfírio Oliveira, declarou esta sexta-feira que vinte profissionais de saúde, principalmente médicos, saíram daquela unidade nos últimos dois anos, sendo que hoje foi aberto concurso para preenchimento de 31 vagas.
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Numa audiência que decorreu esta sexta-feira no Parlamento, a requerimento do Chega, sobre a "prestação de cuidados de saúde à população do Alto Minho", João Oliveira, que assumiu o cargo em janeiro deste ano, após quase um ano de vazio diretivo, traçou um quadro de recursos humanos "aquém das necessidades" em todas as áreas, que estará a tentar reverter.
"Tivemos sete vagas de medicina geral familiar e uma de saúde pública. Todas estas são absolutamente necessárias e estamos convencidos que vamos conseguir fixar e ter resposta a todos estes médicos. Nos cuidados de saúde hospitalar temos 23 vagas, mas a verdade é que necessitamos de bastantes mais e foram pedidas para vários serviços mais vagas do que as que foram atribuídas", realçou.
"Estamos a pedir à Direção Executiva autorização para contratar, nomeadamente médicos que não estão vinculados. Temos tido resposta favorável. Ainda recentemente, no passado mês, tivemos duas", afirmou, destacando que existem, por outro lado, "bastantes dificuldades na área da enfermagem e outras classes".
"Temos tido um volume elevado de baixas médicas na região. Isto não se coloca na classe médica, mas nas outras classes, como assistentes operacionais, técnicos de saúde, diagnóstico terapêutico e todas as outras classes, temos tido muita dificuldade com estes profissionais, com muitas baixas e muitas ausências ao trabalho", sublinhou o responsável, respondendo a perguntas sobre recursos humanos, serviços e instalações, colocadas pelos vários grupos parlamentares.
No início da audição, João Oliveira considerou que a ULS do Alto Minho padece de dificuldades relacionadas com "gestão hospitalar e de investimento na renovação das instalações e equipamento médicos", o que, aliado à própria localização periférica, situada "muito a Norte" do país, estará a contribuir para a saída dos profissionais de saúde.
"Leva a que nos últimos dois anos se tenha sofrido uma perda de profissionais, essencialmente médicos. Há duas dezenas de profissionais que não conseguimos fixar", disse, adiantando, em simultâneo, que "foi publicado hoje concurso" para contratação de novos profissionais. E que desenvolverá, nesse âmbito, esforços para transmitir a mensagem que "vale a pena trabalhar no Alto Minho", embora entenda serem necessários para as unidades da região novos equipamentos, principalmente "do bloco operatório e de instrumental cirúrgico", que "podem ajudar à fixação de profissionais de saúde".
"Estou perfeitamente convencido que sem esse investimento forte em tecnologia não vamos conseguir fixar os médicos necessários e os médicos mais diferenciados. Este é um caminho que temos que percorrer e não vai ser, infelizmente, em alguns meses que o vamos conseguir", disse.
É difícil contratar no Alto Minho
Segundo o presidente do CA, a ULS do Alto Minho "é das mais antigas do país" e tem "um histórico complexo" enquanto unidade que se situa numa região "com população de baixa densidade", com "financiamento abaixo das necessidades" e que tem "dificuldade em reter profissionais". O dirigente reconhece ainda que há dificuldades em "satisfazer as necessidades" e "contratar na região, nomeadamente assistentes operacionais".
João Oliveira indicou que, num universo de população de cerca de 230 mil habitantes, a taxa de cobertura de médicos de família naquela região é "superior a 97 por cento". Lembrou que a estrutura agrega dois hospitais, Viana do Castelo e Ponte de Lima, 12 centros de saúde e 44 unidades de saúde a funcionar em 34 edifícios, e considerou que, apesar das dificuldades, a ULS do Alto Minho "tem uma boa prestação de cuidados primários".
Adiantou ainda que o prazo previsto para o arranque das obras na maternidade do hospital de Viana do Castelo derrapou, pelo que se aguarda, atualmente, autorização da necessária "portaria de extensão de encargos", pelo facto destas passarem a ter de ser executadas em dois anos (2024 e 2025), e posterior visto do Tribunal de Contas.
"Esta é uma obra que não só melhora drasticamente as condições da maternidade em todas as linhas, quer do atendimento das grávidas, mas dos exames e também em termos do bloco operatório, porque vai ter uma sala de partos e uma sala de bloco operatório dentro da unidade, o que vai libertar o bloco operatório central para outras especialidades", indicou, comentando que o bloco central "está com uma taxa de ocupação bastante elevada e a trabalhar já ao fim de semana e também depois das 18 horas".