Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo tinham nos seus quadros, a 21 de dezembro, 662 trabalhadores, o que corresponde à saída, nos últimos 16 meses, de quase 130 funcionários, a generalidade por reforma.
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Os números foram avançados esta quarta-feira à Lusa por António Barbosa, da Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa, estimando que "dentro de dias" o quadro dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) chegue aos 650 trabalhadores.
"São pessoas muito experientes, um grande 'know-how' que temos e que se está a perder todos os dias. Mas estes trabalhadores, com muitos anos de casa, já não aguentam tanta incerteza e vão para a reforma a chorar", apontou.
Segundo dados da CT dos estaleiros, em Julho de 2010 a empresa contava nos seus quadros com 786 trabalhadores, número que na última semana chegou aos 662, o que totaliza perto de 130 saídas em 16 meses, apenas em reformas, normais ou antecipadas.
António Barbosa admite a única forma de travar este cenário é uma "tomada de decisão" sobre o futuro dos estaleiros, por parte do ministério da Defesa e da Empordef, holding das indústrias de Defesa, que detém os ENVC.
"A empresa vive uma situação de asfixia financeira e uma expectativa muito grande relativamente ao futuro. Há muito tempo, há anos mesmo, que deseja uma viabilidade efectiva, porque os estaleiros ainda têm tudo para dar", sublinha.
A empresa vai fechar o ano de 2011, segundo revelou o presidente da Emprodef, com um passivo de 263 milhões de euros e necessita no início de 2012 de um aumento de capital e injecção de tesouraria num total de 57 milhões.
Segundo disse o presidente da Empordef, Vicente Ferreira, numa reunião com jornalistas, os ENVC precisam de um aumento de capital de 37 milhões de euros, "no mínimo", e de mais 20 milhões para tesouraria.
Nesta altura decorrem negociações com duas empresas interessadas em entrar no capital dos ENVC.