Jovens do Agrupamento de Escolas de Pardilhó, Estarreja, descobriram património local e salinas de Itália, Grécia, Eslovénia e Roménia graças a projeto Erasmus .
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O sal foi o elo comum que um projeto Erasmus encontrou para unir os alunos do Agrupamento de Escolas de Pardilhó, Estarreja, a estudantes de Itália, Grécia, Eslovénia e Roménia. Um condimento que lhes deu a oportunidade de conhecerem melhor o seu património e de criarem laços que perduram até hoje.
Para Maria do Rosário Ferreira, uma entre 10 estudantes de Pardilhó que, graças ao Erasmus + Salt work in Progress - Young Cicerones, rumou a outro país europeu para conhecer as suas salinas, a experiência abriu horizontes. "Aprendi melhor o funcionamento das salinas e melhorei as capacidades de comunicação e o inglês", a língua usada para falar com os alunos estrangeiros, contou a jovem de 15 anos ao JN.
Maria já "sabia um pouco" sobre as salinas portuguesas, afiança, mas só visitou as de Aveiro no âmbito do projeto. Quando visitou as italianas, ficou surpreendida com as diferenças. "As salinas de Itália são enormes, as que visitamos eram das maiores do país. As de Aveiro são pequenas e há poucas ativas", descreveu a jovem.
A mãe, Marisa, adorou poder receber em casa uma aluna estrangeira, no âmbito deste intercâmbio, tendo aproveitado para dar a conhecer a região à adolescente italiana que acolheu. A amizade entre as duas estudantes ficou e nem a língua as impede de manter os laços. "Ainda hoje se falam, através do instagram e whatsapp", contou a mãe de Maria.
Guias do património
O Erasmus+ Salt work in Progress - Young Cicerones arrancou em 2019 e terminou este ano (mais um ano que o esperado devido a dificuldades decorrentes da pandemia).
Para além do intercâmbio de alunos dos países participantes, incluiu trabalhos de pesquisa sobre as salinas, nomeadamente a sua fauna, flora e atividades económicas associadas, visitas de estudo, contacto com investigadores da Universidade de Aveiro e workshops. Depois, os jovens tiveram de "partilhar esse saber" com os outros alunos, em encontros online.
A intenção era "conhecerem, gostarem do seu património e conseguirem explicar aos outros", fazendo de "guias do seu território", explica a professora Luísa de Miranda.
"As salinas são um património natural riquíssimo que, de alguma maneira está adormecido e até perdido", pese embora se tenha vindo a notar nos últimos anos um certo "reconhecimento dessa riqueza", considera a professora de artes Florbela Barreto.
O projeto foi, por isso, uma "forma de despertar os alunos para este património e plantar uma sementinha de estímulo para que um dia possam fazer algo relacionado" com a área, refere Florbela Barreto. Ao mesmo tempo desenvolvem o "gosto pela passagem de informação a outras pessoas e criarem uma rede em relação ao património".
Também se pretende que "se sintam europeus, que percebam que somos diferentes, mas muito iguais", que sejam "tolerantes e respeitadores das culturas dos outros", acrescenta Luísa de Miranda.
As atividades desenvolvidas no âmbito do projeto envolveram todos os alunos do agrupamento. Dez deles puderam passar uma semana no estrangeiro, descobrindo as paisagens de Margherita di Savoia, em Itália, e de Izola, na Eslovénia. Duas dezenas de alunos estrangeiros também foram recebidos em Portugal.
Florbela Barreto conta ainda que o projeto levou os alunos a saírem da escola e a "vivenciarem outras realidades", mas extravasou a comunidade educativa e chegou ao tecido associativo e autarquias locais, que colaboraram em algumas atividades.