A primeira sala de chuto da cidade do Porto tem abertura prevista para setembro e ficará num contentor junto a Serralves. A Câmara vai lançar processo para escolher entidade gestora.
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Um ano depois de assinado o protocolo para a Criação de Respostas de Consumo Vigiado no Porto, o executivo liderado por Rui Moreira vota finalmente na próxima segunda-feira a abertura das candidaturas para selecionar a entidade sem fins lucrativos que irá gerir a primeira sala de chuto do concelho que vai funcionar, a partir de setembro, na chamada Viela dos Mortos, junto ao muro do Parque de Serralves.
O processo ficou fechado, de acordo com o vereador da Coesão Social, Fernando Paulo, há 15 dias, com as entidades que integram a Comissão para a Implementação da Sala de Consumo Vigiado a concluírem os trabalhos que garantem os serviços técnicos, os administrativos e as condições de higiene e saúde pública do equipamento.
Quanto ao financiamento ficou acertado em definitivo que caberá à autarquia neste primeiro ano de funcionamento disponibilizar os 650 mil euros necessários à implementação do projeto: 400 mil para custear a parte física (contentor de 90 metros quadrados e equipamentos), mais 250 mil para a logística de apoio aos toxicodependentes.
As candidaturas podem ser apresentadas individualmente até ao final do mês. Em agosto serão analisadas as propostas pelo júri composto por um representante de cada uma das entidades da comissão e presidido por Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. Haverá uma decisão até meados de setembro, podendo a instituição escolhida entrar de imediato ao serviço, recebendo um apoio financeiro neste primeiro ano de atividade até 270 mil euros. "A opção será sempre por uma entidade com experiência e que já tenha trabalhado na cidade", explica Fernando Paulo.
Entretanto, a Câmara do Porto vai promover, entre 16 e 21 deste mês, sessões de esclarecimento e realizar reuniões de trabalho com as forças de segurança, direções de escolas e associações de moradores daquela zona de Lordelo do Ouro assim como com a administração da Fundação de Serralves, que terá como vizinha esta sala de chuto. Vários especialistas na matéria serão também auscultados.
A sala de chuto amovível será colocada mesmo em frente à estátua de Albino Aroso, no Bairro da Pasteleira, que com o vizinho conjunto habitacional de Pinheiro Torres é o principal problema na cidade de tráfico e consumo de droga. Dezenas de consumidores acampam em tendas colocadas ao longo do muro de Serralves. Um ano após a entrada em funcionamento desta primeira unidade começará a funcionar a sala móvel (numa carrinha).
Salas para fumos e injetar
A Sala de Consumo Vigiado vai funcionar numa estrutura amovível onde o toxicodependente pode consumir de forma segura. O espaço é constituído por uma sala de fumos, outra para injetáveis, um vestiário, três gabinetes, dois wc, uma copa e um local para arrumos e outro para sujos.
Com médicos e enfermeiros
Deverá funcionar 10 horas por dia, 7 dias por semana, em horário proposto pela entidade gestora à Comissão. A equipa será composta, durante o horário de funcionamento, por dois enfermeiros, um técnico psicossocial, um educador de pares, um auxiliar de limpeza e um vigilante e, em tempo parcial, por um psicólogo (7 horas /semana), um assistente social (7 horas /semana) e um médico (4 horas/semana).
Trabalho une instituições
Integram a Comissão a autarquia, a Administração Regional de Saúde do Norte, o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) e a Segurança Social.