Foi com uma interminável e emocionada salva de palmas que o povo de Lavra, em Matosinhos, acolheu, nesta sexta-feira, na capela de Cabanelas, a imagem de Nossa Senhora de Fátima que está no altar da igreja paroquial. As festas da freguesia estavam suspensas por ter sido proibida a saída da imagem nas procissões.
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Chegada numa carrinha à pequena capela, pelas 21 horas, a santa adorada pelos lavrenses entrou no templo nos braços de Salvador e Nuno, tio e sobrinho pescadores que haveriam de assistir emocionados, entre uma centena de fiéis, ao terço rezado pelo padre Francisco Andrade, que está à frente da paróquia desde o falecimento do pároco de Lavra, António Sousa, no início de julho.
Não houve a tradicional procissão de velas que esteve prevista para esta noite, no âmbito das Festas de Lavra, mas ninguém escondeu a emoção ao ver chegar a Cabanelas a imagem de Nossa Senhora de Fátima que está no altar da igreja. Depois da discórdia que em maio se instalou naquela freguesia de Matosinhos, ao ser anunciado o cancelamento das festas por ter sido proibida, pelo então pároco António Sousa, a saída da imagem da igreja para integrar as procissões, a presença da santa naquele lugar de Lavra, durante a cerimónia religiosa, foi o consenso possível alcançado entre a comunidade e a paróquia, após a polémica que se tentava apaziguar quando o pároco local, António Augusto Sousa morreu subitamente, no início de julho.
Devido ao período de luto, as festas, cuja realização nos moldes convencionais já havia sido acordada em junho com a paróquia, acabariam por ser adiadas para data a definir. Entretanto, face à ameaça de as celebrações não se fazerem, o padre Francisco Andrade sugeriu a realização de cerimónias mais contidas nas Festas de Lavra, suprimindo as procissões das velas e a de Nossa Senhora, prevista para este domingo, até à praia dos Pescadores, para a bênção dos barcos. Inicialmente, a proposta encontrou alguma resistência, mas a população e a comissão de festas acabariam por concordar. Neste domingo, a imagem de Nossa Senhora de Fátima chega à praia de Angeiras às 15 horas, para a bênção dos barcos dos pescadores.
“A Senhora sair e dar a bênção aos barcos é uma mais-valia para os pescadores, que ao andarem nas águas têm mais confiança. Quando estamos no mar, a imagem que nos vem à cabeça é a que está na nossa igreja, que parece que está a dar uma bênção. E é isso que nos toca”, diz Nuno Araújo, pescador e membro da comissão de festas.